Encarado como um potencial blockbuster, com fôlego para fechar em alta o ano de 2016 para as bilheterias do cinema nacional, O Vendedor de Sonhos, adaptação do best-seller homônimo de Augusto Cury devorada por 2,5 milhões de leitores, marca a volta aos cinemas de um campeão de bilheteria formado na labuta diária da televisão: Jayme Monjardim. Responsável pelo filme de sucesso Olga (2004) e por uma série de novelas de prestígio popular como Páginas da Vida (2006) e O Clone (2001), o diretor agora dá carne a uma narrativa sobre o poder redentor da palavra que comoveu milhares de leitores, transformando o nome de Cury em uma grife de autoconhecimento.
No longa-metragem, orçado em R$ 10 milhões e produzido por L. G. Tubaldini Jr. (que vendeu cerca de 1,5 milhão de tíquetes com O Concurso), o uruguaio César Troncoso interpreta o misterioso Mestre, um andarilho com ares de profeta (mas sem vocações religiosas aparentes) que ajuda desvalidos e desesperados a reencontrar a fé no verbo “viver”.
“Tive muito medo, no começo desse projeto de ser piegas, exagerado ou de cair para o lado da autoajuda, mas escapei disso buscando credibilidade e imprimindo seriedade à ideia de que a palavra é a verdadeira estrela desta história”, explica o diretor paulista, responsável por minisséries bem-sucedidas como Maysa (2009) e A Casa das Sete Mulheres (2003). “Eu não podia ter um ator muito conhecido para o papel do Mestre porque ele traria consigo um peso, uma imagem prévia. Precisava, sim, ter um ator do talento e da inteligência do César Troncoso, que soubesse dizer as palavras do Cury com a intensidade certa de magia, entendendo os silêncios entre elas. Estamos vivendo tempos muito violentos. E essa história nos traz um pouco de esperança”.
Adaptado para a telona por LG Bayão, O Vendedor de Sonhos escala Dan Stulbach no papel de Júlio César, um dos mais renomados psicólogos do país, desiludido com a vida, por problemas com o filho. Desencantado com a profissão e prestes a cometer suicídio, saltando de um prédio, ele é interpelado, no parapeito de um edifício, por um sujeito maltrapilho, com aspecto de mendigo, mas capaz de dizer as mais analgésicas frases para quem se encontra no desamparo. É o chamado Mestre (Troncoso).
Ao longo de quase duas horas, os dois percorrerão juntos uma grande metrópole, aprendendo mais sobre as mazelas emocionais um do outro, e executando uma série de atos de solidariedade. Mas há um segredo, ligado a uma grande corporação, que pode trazer à tona fatos do passado do Mestre.
“Eu não concordo com o uso do termo ‘autoajuda’ para esta história, até porque o Cury tem um trabalho muito sério no terreno da psiquiatria. E, fora isso, a gente, aqui no Brasil, anda cercado demais de rótulos. Eu, que vim da TV, e que fui rotulado de todas as formas por isso fazendo cinema, estou enjoado dessas simplificações. Este filme faz um mergulho na dor e tira dela a esperança”, diz o diretor.
Em cerca de duas semanas, o trailer do filme teve 1,2 milhão de visualizações e se viralizou à força da mítica em torno de Cury e do embate entre dois atores de peso (Troncoso e Stulbach). “Eu passei cerca de 24 anos fazendo novelas e séries. Toda vez que faço um filme, eu me sinto como se estivesse tirando férias para estudar”, diz Jayme, que filma em fevereiro o drama Eu te Darei o Céu, sobre uma mulher de 55 anos que ajuda pacientes terminais. “TV é uma arte de time, a ser feita em equipe, onde muita gente decide sobre uma mesma coisa. Cinema é uma arte da entrega, onde em muitos momentos se está sozinho nas decisões, filmando com a própria alma”.
O Vendedor de Sonhos tem previsão de estreia para 8 de dezembro.
