Filmes

Entrevista

“Os comediantes brasileiros precisam se unir mais”, diz Leandro Hassum no set de Chorar de Rir

Visitamos o set do filme que mostrará ator como comediante que quer mudar a carreira

23.06.2017, às 17H57.
Atualizada em 23.06.2017, ÀS 19H08

Em um fim de tarde em São Paulo, um grupo formado principalmente por jovens se agrupa em uma plateia esperando a chegada de Leandro Hassum para filmar uma cena de Chorar de Rir, seu novo filme previsto para chegar aos cinemas no começo de 2018. Antes de entrar no papel de Nilo Perequê, comediante que decide dar uma guinada na carreira e se dedicar ao drama, Hassum conversa com o grupo, faz algumas piadas sobre localidades de São Paulo e arranca risos de todos.

“Quando chego ao estúdio, tenho uma plateia que não pagou para assistir esse show, que está aqui desde 11h da manhã e é tão cansativo para eles quanto pra mim. Nesse momento eu preciso buscar a cumplicidade deles, porque eu dou um valor imenso para a figuração. Não é nada fácil, eles chegam cedo, não podem fazer barulho, não podem conversar”, diz o ator, revelando que fez figuração no começo de carreira. “Se eu não surpreendê-las de alguma forma, para que o riso venha de forma mais espontânea, eu vou perder esse jogo”.

Aos 43 anos e com sucessos na carreira como Até Que a Sorte nos Separe, Os Caras de Pau, O Candidato Honesto, Hassum diz que não tem as preocupações de mudança de carreira de seu personagem: “Nunca tive essa angústia, do tipo ‘quero ser levado a sério’, ‘quero ser um ator dramático’. Respeito os colegas que pensam dessa forma, mas eu gosto de fazer o que me dá prazer. Se estou feliz fazendo comédia e o resto da minha carreira for fazer comédia, serei extremamente feliz. Se aparecer algum projeto diferente, que seja legal, eu também faço, mas não por uma ‘busca profissional’”.

“Para quem quer mudar, não é nada difícil, se você é ator, gosta do que faz e estuda. Não adianta ter só talento. Você precisa estudar, se reciclar, ficar sempre no mercado. O maior desafio que eu vejo é do público”.

“Filmes do Leandro Hassum”

Prestes a voltar aos cinemas com Malasartes e o Duelo com a Morte, que chega aos cinemas em 10 de agosto, Hassum também revela que tem um compromisso com o público que é fã de suas comédias: “Tenho um grande orgulho disso e decidi que não trairia o meu público. Se você sair de casa para ver uma comédia do Leandro Hassum, é o que você vai ver. Pode levar sua avó, sua mãe, seus filhos, que não terá nada grosseiro, ou que deixe você com vergonha. Se o público quer pagar para ver esses filmes, é o que vou entregar. O público vai aos cinemas buscando alguma coisa e eu entrego”.

Hassum no papel de Nilo Perequê

Mesmo com um público fiel, Hassum admite que é difícil inovar e a importância de apostar em novos nomes da comédia nacional: “Sempre terão coisas parecidas e a comparação vai acontecer. O diferente é a forma como fazemos. Acho que temos autores muito criativos, diretores também e o mais importante das comédias é que estamos trazendo um público para o cinema nacional novamente. Isso está mudando um pouco a cabeça das pessoas que torciam o nariz para o cinema nacional, que só tinha mulher pelada, etc., e hoje vão ver os filmes porque sabem que há produtos de qualidade. Tem coisas muito bacanas acontecendo no cenário cinematográfico brasileiro, e não só de comédia”.

Em Chorar de Rir, Hassum trabalha com Toniko Melo, diretor que trabalhou em Som & Fúria (série e filme) e VIPs, mas não tinha um histórico de comédia. No entanto, o ator aponta que a liberdade de piadas no set é uma das coisas mais importantes para deixar o comediante pronto para fazer seu trabalho: “Ele acha graça em mim. É muito difícil quando você chega a um set, ou em algum programa, e o diretor quer imprimir a comédia dele, isso não dá certo. Ele está ali para me dirigir e me dar um direcionamento, mas é o comediante que sabe onde está a piada e o Toniko Melo é muito inteligente em saber que esse timing me pertence. O filme é com ele, quem vai saber como juntar é ele e não eu, mas preciso que ele seja alguém que jogue junto comigo”.

Porém, após tantas experiências no cinema, Leandro Hassum ainda sente falta de um projeto: um longa reunindo vários nomes da comédia nacional: “Nós comediantes precisamos nos unir mais e não cada um fazer seu próprio projeto. Hoje em dia existe uma coisa muito independente: os filmes do Hassum, os filmes de fulano, etc. Acho que relutamos muito em juntar isso e fazer um filme. Ainda não somos uma indústria de cinema no Brasil, estamos caminhando bem, e acho que essa união traria mais projetos, mais ideias. Tenho muita vontade de juntar uma turma e fazer algo assim, é um sonho”.

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