Filmes

Entrevista

Os Saltimbancos Trapalhões | "Tenho vontade de fazer mais 50 filmes", diz Renato Aragão

Eterno trapalhão fala ao Omelete sobre a volta aos cinemas como Didi

18.01.2017, às 12H01.

Didi Mocó está de volta: nesta quinta (19), 178 salas de exibição de todo o Brasil incluem em sua programação o esperado OOs Saltimbancos Trapalhões – Rumo a Hollywood, o 50º filme de Renato Aragão. Espécie de homenagem a Os Saltimbancos Trapalhões original, de 1981, a produção dirigida por João Daniel Tikhomiroff (de Besouro) é aberta por uma sequência que se candidata a cult: a passagem de Didi Dedé pela da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, em disputa pelo Oscar.

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Dali, eles engatam numa aventura musical em um circo falido – o circo do velho Barão, vivido por Roberto Guilherme, o Sargento Pincel - no qual o veterano humorista luta para montar um espetáculo teatral de canto e dança. Mas a realização desse projeto pode ser prejudicada pelas maldades de Aurélio Gavião (Nelson Freitas), prefeito corrupto que fará toda sorte de negociata ilegal para destruir aquele picadeiro. Na entrevista a seguir, Aragão fala ao Omelete sobre seu regresso à telona e sobre sua expectativa de bilheteria.

Omelete: Qual é a sensação de se chegar a 50 filmes, numa trajetória milionária de ingressos vendidos?

Renato Aragão: A sensação mais forte que eu tenho agora é a vontade de fazer mais 50. O 51º, O Fantasma do Teatro, já está engatilhado. O maior prêmio que eu ganhei em toda a minha vida no cinema foi a percepção de que eu formei pelo menos duas gerações de espectadores e que já começo a falar para uma terceira. O que tem de diferente aqui, nesta visita a Os Saltimbancos original, é que o Didi agora é autor. É ele quem cria o espetáculo. É ele quem dá o troco.

Omelete: Didi Mocó é, talvez, a mais bem-humorada expressão da luta cotidiana da ala mais pobre do povo brasileiro para sobreviver. O Didi ainda vê o Brasil com otimismo. Mas e você? 

Renato Aragão: Eu passei, junto com o Brasil, por todas as dificuldades políticas que este país enfrentou. Não se esqueça de que eu comecei a minha carreira no humor em meio à ditadura militar. E era algo novo, e pesado, para alguém que foi criança em um Brasil mais tranquilo, do interior do Ceará, onde a gente tinha dificuldades, é claro, mas não ouvia falar em crise. Hoje, estamos no meio de uma fase braba pra todos. Mas as pessoas ainda têm esperança. E este filme é uma maneira de alimentar este sentimento, levando alegria, levando emoção e mostrando que o circo, lugar sagrado para a arte popular, não tem fim.

Omelete: E essa esperança se estende para o cinema brasileiro? Como você vê a atual situação de nosso cinema?

Renato Aragão: Estamos vivendo um dos melhores momentos que eu já testemunhei, nessas cinco décadas de cinema que tenho, pela força popular de nossos filmes. O que vem acontecendo com os filmes do Leandro Hassum e os do Paulo Gustavo – essa coisa de fazer milhões de espectadores por cada filme – mostra que o nosso público está em sintonia com nossas comédias. Agora, até a Kéfera, que vem da Internet, do YouTube, fez sucesso. Existe público e existe interesse. O que é necessário é ter espaço pra gente conseguir exibir o que fazemos, pois a competição com Hollywood é cruel. 

Omelete: Falando de Hollywood, você abre o novo Os Saltimbancos indo para lá, buscar um Oscar pro Didi. Como é a sua relação com o Oscar? Qual é o seu ganhador do Oscar favorito?

Renato Aragão: Eu assisto sempre à festa do Oscar na TV e sempre acho engraçado a questão do fuso horário: é madrugada aqui e tarde lá. Um ganhador de Oscar que eu adoro é A Vida é Bela. Sempre que passa na TV, eu me encanto com o trabalho do Roberto Benigni.

Omelete: A gênese de Os Saltimbancos vem das músicas de Chico Buarque. Qual é a sua relação com a música dele?

Renato Aragão: Seriam necessários séculos para que alguém conseguisse explicar a genialidade do Chico Buarque e a força poética de sua música. Ele é um artista que atravessa gerações. E não me deu só Os Saltimbancos não. O meu maior sucesso na televisão de todos os tempos, o clipe musical em que eu canto Teresinha, é baseado numa música dele. Esse clipe no YouTube chega a estar preto e branco de tanto que é acessado, de tanto que passa.

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