Filmes

Entrevista

Pazucus | Filme trash catarinense leva o horror brasileiro para a Europa

Orçado em R$ 15 mil, longa será exibido em mostra portuguesa

10.05.2017, às 16H21.
Atualizada em 10.05.2017, ÀS 19H03

Assombrado por criaturas que parecem fezes ambulantes, o escatológico longa-metragem de horror catarinense Pazúcus: A Ilha do Desarreago, rodado em Florianópolis pelo diretor Gurcius Gewdner, a um custo estimado em R$ 15 mil, vai ganhar as telas da Europa neste fim de semana, após ter sido escolhido como “filme do mês” da sessão (seguida de debate) promovida pela revista Film Panic, na Cidade do Porto, em Portugal. Sua exibição é parte de um ciclo fomentado por um grupo editorial do Velho Mundo especializado em cinema surrealista, underground e experimental, que, em janeiro, publicaram uma entrevista de 16 páginas com Gewdner.

Quero botar Joinville e Floripa no mapa do cinema mundial como sendo as cidades do cocô-monstro”, diz Gewdner, um cineasta de 34 anos (orgulhoso de ter nascido no mesmo dia que o Arnold Schwarzenegger), conhecido no circuito dos festivais por filmes como Eu Sou Um Pequeno Panda e Bom Dia, Carlos, do qual Pazucus é um derivado. “Podem achar estranho o fato de haver coalas e demônios da tasmânia nesse longa, mas é que eu viajei pra Austrália no meio do processo, para o casamento da minha irmã, e rodei umas cenas lá”.

Previsto para ser exibido em solo nacional no encerramento do Fantaspoa – Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (19 de maio a 4 de junho), Pazucus acompanha o cotidiano de Carlos (Marcel Mars), um sujeito que escuta vozes de seu próprio estômago. Segundo o diretor, ele é “um pobre coitado povoado por cocôs falantes”. Na trama, conhecemos alguns dos personagens que vivem em volta de Carlos e sua barriga em crise, entre eles, um grupo de adolescentes dançarinos, o casal Omar & Oréstia (que busca redenção no relacionamento através da propagação de morte e lixo), e o Dr. Roberto, que segue obsessivo com relação a um tsunami apocaliptico que pode destruir sua ilha, caso ele não mate o protagonista.

Este longa é um misto de filme experimental com pop alucinado. Um filme de monstros feitos de gosma e lixo, saídos de algum buraco maligno entre a Vila Sésamo, os filmes B dos anos 50 e os filmes gore dos anos 80”, explica Gewdner. “Ele é recheado de vômito, fezes, gritaria descontrolada e feitiçaria.É também onde declaro minha total e completa devoção a alguns de meus filmes preferidos como Creature From The Haunted Sea, do Roger Corman. O terror no Brasil tem várias caras, que felizmente são bem diferentes entre si. Eu gosto do experimental escatológico. Minha missão é tentar fazer os filmes com liberdade. Liberdade na maneira de filmar e de conduzir a narrativa, sem me preocupar com o que as pessoas vão pensar até que chegue o momento de exibir. Esse é o momento onde eu penso sobre o tipo de filme que eu fiz e que caminho ele vai seguir. E ali, eu tento provar que esses filmes deveriam ter mais espaço e ser melhor interpretados por festivais, críticos e editais, porque publico... isso eles têm de sobra”.

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