Filmes

Entrevista

"Precisaria de férias para entender a busca que estou fazendo a minha carreira", diz Cauã Reymond

No ar com a minissérie Dois Irmãos, o galã embarca para Sundance para defender Não Devore Meu Coração, também selecionado para Berlim

17.01.2017, às 17H01.
Atualizada em 18.01.2017, ÀS 00H08

No aeroporto de Recife, recém-saído dos ensaios para Piedade, seu próximo longa-metragem, com direção de Cláudio Assis (Big Jato), com quem filmará em fevereiro, Cauã Reymond traça os planos para sua viagem para os EUA, para onde embarca na quarta, para promover o cinema brasileiro no Festival de Sundance (19 a 29 de  janeiro), como ator e produtor de Não Devore Meu Coração. Único longa-metragem nacional em concurso no maior reduto da produção independente em solo americano, a produção dirigida por Felipe Bragança, baseada em contos de Joca Reiners Terron, traz o galã na pele do motoqueiro Fernando, integrante de uma gangue ligada à brigas de terra com povos indígenas no Mato Grosso do Sul. Depois de Sundance, o filme vai para o Festival de Berlim (9 a 19 de fevereiro), na mostra Geração. Atualmente no ar como os gêmeos Omar e Yaqub da minissérie Dois Irmãos, da Rede GloboCauã define o trabalho com Bragança como um mergulho no coração do Centro-Oeste brasileiro.

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Cauã Reymond em Não Devore Meu Coração

Este filme tem um clima meio Rumble Fish – O Selvagem da Motocicleta, do Copolla, por mostrar uma inquietação da juventude. Eu estava saindo do processo criativo de Dois Irmãos quando o Felipe me puxou pela orelha e me levou pro Mato Grosso do Sul pra filmar entre muitos ‘não-atores’, tendo que aprender um sotaque novo. Eu estava ainda quente daquele trabalho radical da minissérie do Luiz Fernando Carvalho e caí naquele universo do Centro-Oeste com força, acompanhando o Felipe no primeiro trabalho dele com uma dramaturgia mais clássica”, diz Cauã ao Omelete. “É muito bom agora ver o filme sendo chamado para alguns dos maiores festivais do mundo. Eu só tinha ido para Cannes, anos atrás, com À Deriva, do Heitor Dhalia”. 

Originalmente batizado de Curva de Rio Sujo por Bragança (codiretor dos premiados A Alegria A Fuga da Mulher Gorila), Não Devore Meu Coração constrói a história de amor juvenil entre um adolescente brasileiro e uma indígena de origem hispano-americana, que tem como pano de fundo as disputas territoriais na fronteira do Brasil com o Paraguay. Fernando (Cauã) é o irmão do jovem apaixonado, que se envolve com motociclistas do local. 

O Fernando tem uma relação estranha com o líder da gangue com que se envolve, matando índios em brigas de terra”, diz o astro de sucessos da TV como Amores Roubados (2014), que vem acumulando experiências na produção. “A cada processo, a cada filme, a minha atitude como produtor muda. Não tenho a arrogância de me meter no processo criativo dos autores, mas gosto de plantar a sementinha. Sou um cara que gosta muito de trabalhar. Agora, não sei se eu seria capaz de definir o que eu venho construindo como trajetória artística. Precisaria de férias para entender a minha busca como ator. Sei que esse processo com o Felipe em Não Devore Meu Coração já é um caminho para um novo filme, Azuis, batizado na literatura de Rodrigo de Souza Leãoque a gente já pensa em fazer”.

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Dois Irmãos

Férias, contudo, é uma palavra que Cauã parece longe de usar ao falar de si, pois, ainda este ano, ele viverá Dom Pedro I em Pedro, da cineasta Laís Bodanzky. Mas, antes, cai na Piedade de Cláudio Assis, ao lado de Fernanda MontenegroMatheus Nachtergaele Irandhir Santos. No novo filme do polêmico realizador de Amarelo Manga (2003), o ator encarna um homossexual dono de um cinema pornô.

Fora a honra de contracenar com um timaço, este projeto está me permitindo conhecer um cineasta que me dá muito prazer no trabalho. O Cláudio, a quem eu respeito muito, ainda me deu um personagem muito diferente do que eu estou acostumado a fazer”, diz Cauã, comemorando o boca a boca em torno de Dois Irmãos na TV. “Hoje em dia, é cada vez mais raro encontrar bons papéis masculinos e esta minissérie me deu dois. Dois personagens que me permitiram conhecer locais  inexplorados da minha alma e da minha arte”.

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