Filmes

Entrevista

Ricardo Darín recebe homenagem e diz: "O cinema nos ajuda a viver melhor"

Ator recebe hoje um troféu no Prêmio Platino

24.07.2016, às 15H16.

Considerado um dos atores de maior prestígio e popularidade da América Latina, o argentino Ricardo Darín recebe neste domingo (24) no Centro de Convenções de Punta Del Este, no Uruguai, um troféu especial em tributo à sua trajetória de sucessos na cerimônia de entrega dos prêmios Platino, espécie de Oscar do continente. De quebra, ele ainda foi indicado ao prêmio de melhor ator pela comedia dramatica espanhola Truman, êxito de bilheteria na Europa e no Brasil. O astro de O Segredo de Seus Olhos (Oscar de filme estrangeiro em 2010) volta às telas brasileiras em setembro como protagonista do thriller Koblic, no papel de um piloto de avião que se opõe à ditadura de seu país nos anos 1970.

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"Prêmios como este celebram a união entre os países latinos, são gestos de confraternização entre hermanos, entre companheiros de caminho", diz Darín, esbanjando simpatia e bom humor em uma concorrida coletiva de imprensa na manhã deste sábado no Cine Mantra, em Punta Del Este. "Comecei no cinema aos 10 anos, sem ter a menor noção do que estava fazendo. E nem sei dizer se adquiri alguma noção, mas dei sorte de ter encontrado, ao longo do caminho, pessoas que foram compartilhando comigo lições técnicas. Aprendi que o cinema nos ajuda a viver melhor".

No bate-papo com a imprensa hispânica e lusófona, Darín confessou que, no coletivo de filmes nos quais trabalhou desde criança, há produções de qualidade estética duvidosa. Mas a chance de trabalhar, seja num filme bom ou seja num filme fraco, lapida seu ferramental drámatico.

"Errar é fundanental para crescermos, mas vivemos em tempos que não dão vez ao erro, ao fracasso. Isso é um equívoco, até porque, o cinema me deu a percepção de que a sensação de dominar um ofício é um convite a falhar. Veja... eu não acredito que haja um 'metodo Darín de interpretação'. Isso foi uma piada que o Javier Cámara, meu colega em Truman, inventou. A questão é que, em 1993, quando fiz um filme chamado Perdido por Perdido, seu diretor me explicou como o cinema funciona na prática por trás das câmeras. Não foi uma conversa sobre a técnica de câmera do cinema, mas sim sobre a técnica de atuar. Ele me explicou que um ator pode gastar muita energia ao se desfocar num intervalo de filmagem de uma cena e outra. Uma saída para evitar perder o foco é nos concentrarmos nos colegas, criar um convívio. Se existe um método de atuar seria este: trabalhar e olhar o próximo. Trabalhar muito", disse o ator, em resposta ao Omelete. "Tenho agora muita vontade de dirigir de novo (em 2007, ele rodou o noir La Señal), mas depende de encontar uma história à qual eu possa contribuir".

Estrela de blockbusters como Um Conto Chinês (2011), Darín vai rodar agora Cordilheira, de Santiago Mitre (de Paulina). Num balanço da América Latina em circuito, ele deu uma elegante alfinetada em Hollywood.

"A indústria americano impõe uma dinâmica que vai tolhendo as praças exibidoras de nossos filmes. Não quero falar bem ou mal disso, mas levantar uma discussão específica: o que conta mais para a gente: superproduções cheias de efeitos especiais ou histórias de carne e osso?", questiona Darín.

Acerca do sucesso de Truman, no qual encarna um ator vítima de uma doença terminal, Darín atribui os bons resultados de bilheteria do longa à sua mistura coesa de humor e dor.
"Truman fala como encarar a Morte mas sua verdadeira chave é discutir como lidamos como a vida, valorizando amizades e afetos", diz o ator.

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