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Kóblic | Crítica

Sebastián Borensztein usa período de ditadura na Argentina para contar história de sobrevivência

13.10.2016, às 12H27.
Atualizada em 16.02.2017, ÀS 11H36

A última ditadura da Argentina aconteceu entre os anos de 1976 e 1983. Nessa época, o país praticava os chamados “voos da morte”, em que pessoas consideradas “subversivas” pelo regime eram jogadas no mar ainda vivas.

É com esse pano de fundo que Sebastián Borensztein comanda Kóblic, filme protagonizado por Ricardo Darín, retomando a parceria de Um Conto Chinês (2011). Na trama, ambientada em 1977, Darín é Tomás Kóblic, um piloto que participou de vários “voos da morte” e vive atormentado pelas lembranças de pessoas pedindo ajuda. Quando seu comandante o convoca para mais uma missão, Kóblic decide fugir e se esconder em uma pequena cidade chamada de Colonia Elena. Porém, a chegada de alguém novo e misterioso em uma cidade tão pequena começa a levantar suspeitas.

Darín, que faz muitas cenas sozinho e é o ponto central do filme, entrega uma atuação forte como o piloto, principalmente quando se trata das lembranças e traumas. Ao invés de chorar ou se debater em pesadelos, ele mostra o sofrimento com pequenos gestos e olhares, que são mais verdadeiros e muito poderosos para mostrar o que acontece na mente do personagem.

O roteiro, escrito por Borensztein em parceria com Alejandro Ocon (23 Pares), foge do óbvio ao não deixar Kóblic apenas como a figura de alguém traumatizado. Quando sua presença começa a incomodar as pessoas da região, em especial o delegado Velarde (Oscar Martínez), o protagonista responde ao perigo com frieza, deixando sua sobrevivência em primeiro lugar. A figura de Martínez, inclusive, é uma das mais marcantes do filme, tanto por sua caracterização, com dentes estragados e posição curvada, quanto por sua postura intimidadora com os outros personagens. O delegado é implacável e, como acontece na vida real, muitas vezes aplica a sua própria lei.

Há ainda dois destaques importantes em Kóblic: as belas paisagens, filmadas principalmente em San Antonio de Areco, na Argentina; e a participação de Inma Cuesta, como Nancy, esposa do dono do posto de gasolina local que demonstra interesse em Kóblic. Apesar da descrição parecer um clichê romântico, a direção de Borensztein evita o óbvio, apostando principalmente em emoções verdadeiras, sem medo de mostrar os defeitos dos personagens.

O que deixa a desejar é o pouco de história que o filme tem para contar em uma hora e meia de duração. Fato que o roteiro tenta compensar com reviravoltas que poderiam ter se resolvido de forma mais simples, perdendo o controle da trama para transformar um média em um longa-metragem. Isso, no entanto, não atrapalha a experiência geral do público, já que Kóblic se sobressai ao misturar vários gêneros, passando com equilíbrio pelo suspense, romance, guerra e drama histórico.

 

Nota do Crítico
Bom
Kóblic
Kóblic
Kóblic
Kóblic

Ano: 2016

País: Argentina

Classificação: 14 anos

Duração: 115 min

Direção: Sebastián Borensztein

Roteiro: Sebastián Borensztein

Elenco: Ricardo Darín, Oscar Martinez, Inma Cuesta

Onde assistir:
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