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Mostra de São Paulo | 10 filmes obrigatórios para ver no evento

Diretora da edição 41, Renata de Almeida destaca a força da temática dos refugiados

18.10.2017, às 16H11.
Atualizada em 19.10.2017, ÀS 13H49

Vai começar a maratona cinéfila dos paulistas: esta noite (18), no Auditório do Ibirapuera, uma projeção para convidados de Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Onde Ir, do artista plástico e dissidente político chinês Ai Weiwei, dá a largada para a 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O evento vai até 1º de novembro. A partir desta quinta (19), a diretora do evento, Renata de Almeida, vai disponibilizar para o público uma seleta de atrações que fizeram diferença nos maiores festivais do mundo (Cannes, Berlim, Veneza) e que podem fazer barulho no Oscar. O cardápio é dos mais variados, sobretudo no terreno nacional, indo desde o terror As Boas Maneiras até o trabalho de estreia do ator Murilo Benício como realizador (O Beijo).

Outrage Coda, de Takeshi Kitano

Este thriller encerra a trilogia Ultraje, uma das mais violentas incursões do cinema na máfia. A franquia começou em 2010, quando disputou a Palma de Ouro. Com litros de sangue derramado, o filme segue o rastro de mortes deixado por Otomo (o próprio Kitano), um dos “gerentes” de uma célula da Yakuza envolvida numa disputa de poder com quadrilhas rivais. Ele terminou o filme anterior ferido, mas voltou à batalha para atacar todos que limitarem seu raio de ação num Japão infestado pelo crime. Sua primeira exibição na Mostra: dia 23, 21h20, no Itaú Frei Caneca.

“O filme de abertura, de certa forma, já guia uma das linhas que vão se trançando na edição 41 da Mostra, que é a questão dos refugiados, presente de alguma forma no pensamento de Weiwei e vista em filmes variados”, diz Almeira ao Omelete. “Temos hoje no mundo 45 milhões de pessoas em deslocamento de seus lares não por opção, mas por imposição política e até por questões ecológicas, como aponta muito bem o documentário Uma Verdade Mais Inconveniente, que a gente vai exibir. Isso está muito presente no cinema europeu”.

Tenha um Bom Dia, de Liu Jian

Ensaio sobre a malandragem, este desenho animado chinês foi um dos destaques na competição pelo Urso de Ouro de Berlim em 2017, onde gerou muitas gargalhadas. O longa-metragem de Liu Jian é uma espécie de "Onde os Fracos Não Têm Vez no Sul da China", com a malícia e o niilismo político dos Irmãos Coen. Mas o nome que este pintor e animador mais ouviu em seu encontro com a imprensa foi Quentin Tarantino. A referência ao diretor vem da aposta na cultura pop na criação de seus personagens marginais, a começar por um matador de aluguel fã de Rocky Balboa. Dia 23, às 15h15, no Itaú Frei Caneca.

Um dos longas-metragens mais esperados da Mostra sobre fluxos migratórios ilegais é a comédia O Outro Lado da Esperança, do finlandês Aki Kaurismäki, com sessão já nesta sexta (20), às 22h15, no Reserva Cultural. No início de setembro, a produção - premiada no Festival de Berlim com o troféu de Melhor Direção – foi eleita o melhor filme do ano pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci). Sua trama narra a saga de Khaled (Sherwan Haji), sírio que busca reencontrar sua irmã em uma Europa desatenta ao drama de quem lá buscou refúgio. “Kaurismäki é um mestre e este ano temos dois diretores que podemos chamar assim sendo homenageados pela gente em São Paulo: o diretor francês Paul Vecchiali, símbolo de independência, e a cineasta belga Agnes Varda, que já falava de feminismo nos anos 1960”, diz a diretora, lembrando que o número de filmes brasileiros dirigidos por mulheres subiu.

Três Anúncios Para um Crime, de Martin McDonagh

Agendado às 21h40, no Espaço Itaú Frei Caneca, esta comédia com tintas de tragédia ganhou prêmio de melhor roteiro em Veneza, prêmio do júri popular em Toronto e tem tudo para brilhar na briga pelo Oscar 2018. O desempenho de Frances McDormand é de rasgar corações como uma vendedora que busca os culpados pela morte da filha. Pra isso, custeia três outdoors na saída de sua cidade cobrando a polícia por sua inadimplência. Peter Dinklage, de Game of Thrones, tem uma atuação memorável como um pretendente de Frances. Woody Harrelson e Sam Rockwell também estão no elenco – leia a nossa crítica.

O Beijo, de Murilo Benício

Premiado no Festival do Rio com o Redentor por sua brilhante atuação em O Animal Cordial, o astro de novelas como América (2005) mostra o quão inquieto é ao enfrentar o universo trágico de Nelson Rodrigues (1912-1980) em busca da fauna de personagens de um ensaio do autor sobre a hipocrisia: a peça O Beijo no Asfalto. Lázaro Ramos vive Arandir, um jovem que concede um derradeiro pedido a um sujeito que agoniza à sua frente: beijá-lo na boca. A fotografia é de Walter Carvalho. A Mostra exibirá o filme às 21h30, no Espaço Itaú Augusta.

Assim é a Vida, de Éric Toledano e Olivier Nakache

Novo trabalho dos diretores de Intocáveis (2011), a trama se resume a uma festa de casamento. Nada mais. Depois de 105 minutos de situações absurdas, o público sai do filme com a certeza de que fazer uma cerimônia de matrimônio dá trabalho. Gilles Lellouche faz um cantor cujas opções musicais (avessas a do noivo) dão dor de cabeça ao organizador do casório, o empresário Max, vivido pelo mito da “autoralidade” na França: o ator e dramaturgo Jean-Pierre Bacri. De origem argelina, ele trabalhou em cults como A Vida dos Outros (1999) e Como Uma Imagem (2004). Passa dia 22, às 19h30, no CineSesc;

Premiada com o troféu Redentor de melhor direção no recém-encerrado Festival do Rio, Lucia Murat é uma das realizadores que estarão com longas na mostra, levando lá seu laureado Praça Paris (dia 24, 21h50, no Reserva Cultural). “Quando eu comecei no cinema, tinha a Assunção Hernandes, que produzia, e havia algumas mulheres produtoras. Hoje temos várias diretoras trabalhando. E novas produtoras também”, diz Almeida. “Esse número da participação feminina em nosso cinema cresceu geral”.   

Visages, Villages, de Agnes Varda e JR

Aos 89 anos, a realizadora de Cléo de 5 à 7 (1962) divide a direção deste documentário com o artista visual JR, famoso por criar galerias fotográficas ao ar livre. Juntos, eles realizam uma viagem no caminhão fotográfico de JR, discutindo o espaço de fruição da arte. O filme saiu de Cannes com o troféu L’Oeil d’Or, o equivalente documental à Palma de Ouro. Sua presença em solo nacional faz parte da homenagem que a Mostra presta à cineasta. Sessão de gala às 17h30, no Itaú Frei Caneca.

O Ignorante, de Paul Vecchiali

Catherine Deneuve integra o elenco deste drama existencial sobre um homem às voltas com a memória de seu amor do passado. O filme integra a homenagem ao veterano diretor francês, que receberá o Prêmio Leon Cakoff pelo conjunto de sua obra. O próprio cineasta é ator aqui, mas Mathieu Amalric também integra o elenco. Sessão no Cinemark Cidade São Paulo, dia 20 (sexta), às 21h30.

O Jovem Karl Marx, de Raoul Peck

Um dos filmes mais aclamados do Festival de Berlim deste ano, exibido hors-concours, este drama de época revive os momento essenciais à criação do marxismo a partir das experiências de seu autor, aos 26 anos, na França. August Diehl assume o papel central sob a direção do realizador de Eu Não Sou Seu Negro. Sessão no Playarte Splendor Paulista dia 21, às 21h10.

As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra

Depois de ganhar o Troféu Redentor de melhor filme, mais as láureas de fotografia e atriz coadjuvante (Marjorie Estiano), no Festival do Rio, esta história sobre um menino lobisomem chega à Mostra de SP, numa projeção inicial no dia 26, às 21h20, no CineSesc. Ganhou ainda o Grande Prêmio do Júri em Locarno, na Suíça, e uma Menção Honrosa, em Biarritz, na França. Na trama, Clara (Isabel Zuaa) vai trabalhar de babá para uma jovem grávida (Estiano) com quem acaba tendo um tórrido caso de amor. Só que o bebê muda quando a Lua Cheia aparece.

Happy End, de Michael Haneke

Com uma direção precisa, pautada por um clima de tensão crescente, o diretor de Amor (2012) cria neste drama a crônica da atomização da burguesia europeia, a partir de uma família de alta classe média em erosão afetiva e financeira, entre tragédias e processos judiciais. Jean-Louis Trintignant vive o patriarca e Isabelle Huppert é sua filha. O longa começa de forma sombria: uma menina filma no smartphone um hamster alimentado com comprimidos de dormir. É uma metáfora para a opressão dos pobres, que parte de um clã com a própria morte anunciada. Dia 27, às 19h50, no Playarte Splendor Paulista.

Listamos abaixo as atrações obrigatórias da Mostra:

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

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