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Mandela - A Luta Pela Liberdade

Livro do carcereiro de Nelson Mandela inspira filme sobre o ativista

09.10.2008, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40

O ex-carcereiro James Gregory, falecido em 2003, escreveu um livro de memórias intitulado Goodbye Bafana, no qual revela sua relação de mais de vinte anos com o prisioneiro político mais famoso do século 20, Nelson Mandela.

O livro foi adaptado ao cinema em Mandela - A Luta Pela Liberdade (Goodbye Bafana, 2007), que prometia um retrato da luta do ativista sul-africano, mas o resultado é unilateral, obviamente embelezado e vazio.

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O elenco é razoável, especialmente Dennis Haybert (o senador/presidente Palmer de 24 Horas), que vive Mandela, mas o roteiro oferece muito pouco para que eles trabalhem. Inicialmente, James, vivido pelo irregular Joseph Fiennes (Lutero) é, como todo a esmagadora maioria sul-africana branca de 1948 a 1990, um ferrenho simpatizante do regime segregacionista do Apartheid. Por conta de uma infância em que tinha amigos negros, porém, ele conhece o dialeto falado por Mandela e seus colaboradores - e é designado para o departamento de censura da prisão em que o líder está preso.

Aos poucos, o carcereiro começa a respeitar o advogado, ativista e guerrilheiro da causa da liberdade social - algo que reflete o próprio sentimento do país, que sofre cada vez mais pressão da comunidade internacional para mudar o regime. No filme, porém, a mudança é brusca, mal conduzida e parece rápida demais.

Em determinado momento, Gloria, a esposa de James (vivida pela linda Diane Krueger), pergunta, desesperada com o destino da família: "como você deixou as coisas chegarem a esse ponto?", ao que Fiennes responde "se você conhecesse Mandela, entenderia". Ora, acontece que nós, como Gloria, também não conhecemos Mandela. O sujeito até ali - e estou falando da metade da projeção - mal apareceu no filme e teve dois, três diálogos com o guarda censor. Não dá para acreditar que tamanha devoção do carcereiro pelo ativista venha desses parcos encontros.

O filme perde-se aí, ao precisar do conhecimento do público na figura histórica de Mandela, pressupondo que os espectadores já tenham respeito suficiente pelo homem para ignorar tal preguiça de roteiro.

A segunda metade até melhora um pouco, especialmente quando ele começa a ver as conseqüências diretas de seus atos e entram os elementos mais diplomáticos e políticos dos acontecimentos, mas o estrago já está feito. Seria mais interessante para justificar a mudança brusca um melhor desenvolvimento do passado do personagem - algo apenas pincelado em 2 minutos logo no primeiro ato. Mandela, porém, retratado o tempo todo não como um humano, mas como um super-heróico bastião da coragem, da justiça, da razão e da liderança, deve ter adorado.

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