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Moebius | Crítica

Incesto, castrações, canibalismo e estupro... é só a nova comédia de Kim Ki-Duk

09.09.2013, às 11H02.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Figura obrigatória no circuito de festivais de cinema, o sul-coreano Kim Ki-Duk alterna como poucos os altos e baixos em sua carreira. Tanto que parte da crítica questiona se o cineasta de quase 20 filmes não seria um engodo. Pietá dividiu opiniões no ano passado, mas saiu laureado de Veneza. Agora, Moebius segue com os mesmos temas do filme anterior - e novamente desequilibra opiniões.

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Incesto, castrações, canibalismo e estupro estão na comédia dramática de humor negro Moebius, criada como uma tragédia grega que traz uma metáfora da obsessão pelo sexo na sociedade moderna.

A históría, contada totalmente sem diálogos, mas com som, acompanha uma família em problemas. A mãe descobre que o pai está tendo um caso com a dona da vendinha próxima. O filho, alheio a tudo isso, preocupa-se apenas com seus quadrinhos e sua masturbação diária. Até que, em um acesso descontrolado de dor, a mãe tenta castrar o pai com a faca que esconde sob o Buda. Não consegue, mas antes de fugir, volta seu ódio ao filho - mutilando-o e devorando o membro, para o desespero do pai.

As cenas, porém, não são demasiadamente gráficas - ao menos não na versão que assisti no Festival de Toronto -, já que o filme perdeu três minutos de duração na Coreia do Sul para conseguir permissão para ser exibido. De qualquer maneira, conseguem ofender o suficiente para ter sessões esvaziadas.

Apesar do tema, que curiosamente, consegue até fazer rir pelo absurdo em diversos momentos, as atuações silenciosas de Cho Jae-Hyun (pai) e Seo Young-ju (filho) merecem ser exaltadas. É tudo absurdo e meio caricato, mas ainda assim consegue-se estabelecer uma relação com os dois. No entanto, é Lee Eun-Woo a alma do filme. Ela interpreta a mãe e a amante com uma transformação assustadora (eu não havia notado que eram a mesma pessoa), mais uma das metáforas do realizador, agora para a mulher como objeto - algo evidenciado no terceiro ato.

Tecnicamente, Moebius é apenas mediano. Gravado digitalmente, com câmera na mão operada pelo próprio diretor, o filme não tem a mesma qualidade que Kim Ki-Duk costuma obter em seus filmes de 35mm. É intencional: a crueza do formato certamente dá mais força à história nauseante. Mas quando o diretor se entrega às suas pretensões ('eu não posso deixar de medir a temperatura da sociedade') e às metáforas fáceis (faca sob o Buda, sério?), já contando que elas vão impressionar nos festivais, reforça-se a certeza de que ele alterna altos e cada vez mais baixos em sua carreira.

Nota do Crítico
Regular
Moebius
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Ano: 2013

País: Coréia do Sul

Classificação: 14 anos

Duração: 89 min

Onde assistir:
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