Veio das histórias em quadrinhos a mais radical experiência narrativa do Festival de Cannes2017 até agora: a versão do diretor japonês Takashi Miike para o cultuado mangá Blade of the Immortal, de Hiroaki Samura. Exibido fora de competição, este sangrento thriller feudal também acaba de ganhar seu primeiro trailer:
Takuya Kimura vive Manji, um ás da espada amaldiçoado com a eternidade. Na trama, ele precisa ajudar uma jovem, Rin (a hilária Hanna Sugisaki), a cumprir uma vingança. Miike cria uma estética pautada na banalização da brutalidade como forma de retratar estratégias de se preservar memórias e tradições.
"Eu me inspiro muito nos clássicos de samurai de Kurosawa, ainda que eles já não sejam mais um objeto de estudo para as novas gerações no Japão. Mas meu empenho não está em roubar ideias de Kurosawa e sim em levar questões do presente, do meu mundo, para um universo que ele lapidou", diz Miiike ao Omelete.
Seu olhar para Blade of the Immortal rendeu uma narrativa tensa - e irônica - que foi aplaudida com fervor. Houve quem a definisse por aqui como "uma espécie de Apocalypse Now dos filmes feudais japoneses". E, com ela, Miike completa a marca de 100 filmes em seu currículo. "Li muito mangá quando menino, como todo jovem japonês, e guardei das HQs lições de rigor na composição de quadro que uso nos meus filmes", explica o diretor. "Existe algo em comum entre faroestes e filmes de caubói. Ambos falam de mundos de muita solidão nos quais as pessoas se embrenham em travessias em busca de harmonia."
O Festival de Cannes acontece na França até o dia 28.
