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Charles Aznavour, mito da canção e do cinema francês, fará show no Brasil

Cantor conta porque não aceitou estrelar Acossado

21.02.2017, às 21H36.
Atualizada em 21.02.2017, ÀS 23H04

Galã cult na indústria fonográfica dos anos 1960, adotado pelo cinema ao protagonizar Atirem no Pianista (1960), Charles Aznavour, patrimônio vivo do cancioneiro popular francês, hoje com 92 anos, vem ao Brasil em março, para um par de shows: dia 16/3 em São Paulo, no Espaço das Américas, e dia 18/3, no RJ, no Vivo Rio. Sua gravação para a canção "She" na trilha sonora da comédia romântica Um Lugar Chamado Notting Hill celebrizou o filme e apresentou sua voz aveludada a novas gerações que não eram familiarizadas com hits como "Que C’est Triste Venise" e "Et Pourtant". Sua carreira ganhou fama em 1946 e, desde então, compôs cerca de 800 músicas, gravou 1.200, cantou em oito línguas pelo mundo todo e vendeu quase 100 milhões de discos planeta adentro.

Nesta entrevista ao Omelete, o cantor e ator, que filmou com mestres internacionais do audiovisual como Claude Lelouch (Viva La Vie), Volker Schlöndorff (O Tambor) e Atom Egoyan (Ararat), relembra suas memórias de palcos e sets.

Omelete: Depois de 71 anos de êxito nas maiores casas de show do mundo, qual é o sentido estético e político de sua música?
Charles Aznavour: Meu repertório sempre foi uma mistura de canções sociais com músicas românticas, construído com a certeza de que você não pode impor um hit ao público. É o público que determina o que vai virar hit. Com frequência, as minhas canções que melhor foram aceitas falam de romantismo, como She ou Venecia Sin Ti, que ainda funcionam mesmo depois de 50 anos de sua composição. A permanência delas prova que mesmo neste mundo cínico e materialista em que vivemos os sentimentos ainda são capazes de tocar as pessoas.

Omelete: O que podemos esperar para os shows do Rio e de SP?
Charles Aznavour: Em geral, eu canto em seis línguas diferentes, buscando os hits que fizeram mais sucesso pelo mundo, e encaixo canções de um repertório mais recente.

Omelete: O que existe de quente hoje na canção francesa?
Charles Aznavour: Tem uma jovem cantora chamada ZAZ que é muito talentosa. Fiz um dueto com ela. Gosto muito também de Stromae, de David Guetta, de Christine and the Queens, de Grand Corps Malade.

Omelete: E qual é o lugar da MPB entre as suas preferências musicais?
Charles Aznavour: Eu sempre amei a música brasileira e tudo começou com Tom Jobim, a quem eu considero um compositor espetacular. Mas há muita gente de talento no Brasil, como Gilberto Gil , Elis Regina , Roberto Carlos , Chico Buarque, Jorge Benjor, Sergio Mendes, Astrud Gilberto, Cateano Veloso, Maria Bethania e Millton Nascimento.

Omelete: Que histórias de bastidor o senhor guarda de Atirem no Pianista e de sua parceria com o cineasta François Truffaut?
Charles Aznavour: Trabalhar com Truffaut foi fantástico e não apenas porque ele me deu o maior sucesso de público e crítica de toda a minha carreira no cinema – e olha que foram quase 80 filmes. Fomos amigos a vida inteira. Sempre tentamos filmar de novo, mas nossas agendas não batiam. Pouca gente sabe que Godard me chamou para estrelar Acossado, um dos filmes mais famosos dos anos 1960. Mas eu disse não por não me enxergar no papel. Não me arrependo da recusa, porque o papel caiu perfeito para o meu amigo Jean-Paul Belmondo. Hoje em dia, eu tenho recusado os convites para atuar, porque, na minha idade, é um desafio memorizar páginas de diálogo.

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