Filmes

Notícia

Esquadrão Suicida | "Todo dia era um desafio", diz o diretor sobre a produção do filme

David Ayer fala das dificuldades e da comparação com Deadpool

05.08.2016, às 18H25.

O Omelete esteve em Nova York para entrevistar o elenco de Esquadrão Suicida, e tivemos a oportunidade de conversar com o diretor David Ayer extensivamente sobre o processo de criação do filme. Ele fala dos percalços e da expectativa criada, do Coringa e da Arlequina, e comenta se voltaria a fazer um filme para a DC Comics.

None

Seus filmes anteriores são bem distintos, então por que mudar para algo como Esquadrão Suicida?

Eu queria fazer a coisa mais difícil que eu poderia, como diretor. E o que é mais difícil do que um filme grandioso baseado em quadrinhos?

Mas o que especificamente torna isso difícil? O projeto muda muito?

Ele muda sempre. Fuzileiros navais costumam dizer que o único dia fácil foi o dia de ontem, e foi nisso que se transformou o filme. O mais difícil para mim foi o período de preparação, reunião atrás de reunião, antes de começar a rodar. Você prepara 100 dias de filmagem, com três unidades, é incrivelmente complexo e para mim foi difícil manter o controle sobre tudo isso. É muito detalhe, muita preparação, envolvendo a escala do filme, e no momento em que os cenários começam a ser construídos que você percebe como a coisa será grande. A filmagem em si é a parte mais fácil. Eu amo filmar, é onde me sinto feliz. E a montagem foi realmente difícil, porque você tem quase meio quilômetro de negativo filmado, todas essas cenas diferentes, muitos personagens cujas histórias temos que contar, como equilibrar isso, mais música e efeitos visuais. Foi um quebra-cabeças gigante e é uma dureza.

O Universo DC no cinema está tentando ainda tomar forma. Foi frustrante para você ter muitas vozes opinando ao mesmo tempo?

Não... Bem no começo o estúdio me falou, e Zack [Snyder] também: "faça o filme que você quiser fazer". E eu fiz. Quando eu estava rodando, eles [os executivos] estiveram no set só umas duas vezes. Digo, eu tive muita liberdade. E no final do processo virou uma questão de justificar o meu filme: "esta é a melhor versão do filme? Vamos descobrir". Começar a trabalhar para tornar o filme o melhor possível. Fazer filmes é uma coisa muito volátil. Você escreve um filme, roda outro filme e monta outro filme - o longa que você está fazendo muda dia após dia.

Depois do sucesso de Deadpool nós pudemos perceber que o marketing de Esquadrão Suicida mudou. O filme em si mudou também?

Não. O filme é o que rodamos.

Qual foi a parte mais difícil de todo o processo?

Montagem é de dar nos nervos. No set você é confiante, sabe o que tem que fazer, tudo é específico. E daí no final...

Você teve que fazer muitas concessões?

Sim e não. Eu entrei nessa sabendo que faria um filme de quadrinhos de censura 13 anos para um grande estúdio. Eu não vou chegar dizendo que vou fazer um filme 18 anos em preto-e-branco. Entende? Eu entrei sabendo o que seria, então consegui deixá-los confortáveis e eles me deram uma liberdade gigantesca. Eu escrevi o roteiro que queria e o filmei. Ninguém mexeu em nada. Mas você usa coisas de outros filmes, você brinca com os brinquedos dos outros, e não pode quebrá-los. Precisa devolvê-los. É interessante ver como filmes diferentes se conectam. E isso é insano. Esquadrão Suicida não é igual a outros filmes de super-herói nem igual a outros filmes da DC. Eles me deixaram fazer meu filme mas ele tem que se encaixar no mundo deles.

O que vocês rodaram no período das refilmagens?

Nós começamos as refilmagens, acho, na segunda-feira depois da estreia de Batman vs Superman. Então já estávamos refilmando antes de tudo aquilo [que repercutiu depois de BvS]. Não conheço nenhum desses filmes grandes que não tenha passado por isso. Toda essa narrativa criada de que a refilmagem serviria para adicionar humor é bobagem. Quando você assiste ao filme, ele todo é engraçado. O tom sempre foi esse. Margot Robbie andando com seu bastão de beisebol, uma bruxa, toda essa loucura, isso sempre esteve lá, essa noção cômica. Era uma coisa meio felliniana.

Você acha que há de fato uma maneira da Marvel de lidar com filmes e uma maneira da DC?

Nunca estive por dentro da Marvel para poder dizer, mas creio que a DC confia mais nos diretores. O que deve ser uma coisa assustadora para eles, porque eles estão tentando renovar essas marcas e deve ser algo assustador que eles tenham me deixado fazer o filme que eu queria.

Houve em algum momento uma preocupação de que o filme poderia tornar esses vilões muito simpáticos?

Acho que essa é a sua jornada como diretor, fazer as pessoas amarem seus personagens. É isso que eu vou descobrir agora, se os fãs vão se conectar e acreditar no filme que eu fiz. Foi para isso que eu fiz. Se você não se conecta com os fãs, não rola, daí você tem um problema.

Quando você contratou Jared Leto para ser o Coringa você tinha ideia de que o trabalho dele no set ganharia esse status meio folclórico?

Jared é uma pessoa muito lógica. Ele pensa, pensa, pensa. Falamos por horas sobre o Coringa, o passado dele, o significado dele. Sobre política, líderes de culto, psicopatas, assassinos seriais. Falamos do que é sanidade e insanidade. Tudo isso antes de começarmos a rodar. E depois... foi uma jornada.

Você pretende continuar dirigindo filmes para a DC?

Vamos ver. Depende se os fãs gostarem. Pode ser uma coisa viciante, porque você tem todo o equipamento disponível e trabalha sempre num nível muito alto. Eu pude criar algo em termos de estética que me deu orgulho, e como diretor eu sinto que isso me amadureceu. Foi uma tarefa e tanto para mim. "Dirigi um filme de super-herói, sou um diretor agora", pensei.

Uma tarefa e tanto em que sentido?

Terminar o filme. Fazer a tempo. Todo dia era um desafio. É incrível mas aterrorizante também.

Na sua opinião, por que a Arlequina tem tanto apelo junto ao público?

Ela tem uma qualidade meio mitológica. Para nossos tempos, na nossa cultura. Ela curte o momento, está feliz com quem é, sente-se bem como ela é, é fisicamente durona e diz o que pensa. Eu tenho duas filhas e é difícil para garotas encontrar uma voz própria e se sentir confortável com ela. E a Arlequina tem voz própria e não precisa de ninguém. Acho que as pessoas se relacionam com isso. E Margot [Robbie] faz parecer fácil. Minha preocupação é que o público não consiga ver, no filme, todo o trabalho que um ator coloca num personagem, porque ela faz parecer fácil.

A ideia de colocar as canções no começo do filme veio durante a montagem ou você já tinha isso planejado?

Os começos são muito fáceis ou muito difíceis. Neste caso o começo foi muito difícil. Porque tínhamos todos esses personagens principais para introduzir, todo esse mundo para apresentar, e ninguém sabia nada sobre o Esquadrão. Você precisa definir o tom do filme e comunicar todas essas coisas de um jeito rápido. A melhor maneira de fazer isso é com música, ela pode dar o tom. Mesmo a forma como o logotipo se apresenta pode definir o tom. Os dez primeiros minutos são importantes demais, é quando a pessoa senta para assistir, depois disso você pode perdê-la. Deu trabalho para chegar lá. São canções que significam algo para mim e fazem sentido dentro do filme - e foi também onde gastei um monte de dinheiro [risos]. Eu nunca conseguiria pagar canções assim num filme [menor] como Marcados para Morrer.

Esquadrão Suicida | Crítica

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.