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Festival de Cannes | A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, é cotado para Seção de Clássicos

Filme foi alvo de protestos e polêmicas em sua estreia

14.04.2017, às 18H12.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Com o fracasso de Silêncio, desprezado pelo público e pela crítica nos EUA por sua controversa abordagem da fé católica, o filme mais controverso de Martin Scorsese sobre religiosidade - A Última Tentação de Cristo -, rodado há 30 anos, acabou sendo resgatado em debates na imprensa especializada dos EUA e da Europa, despontando hoje como uma potencial atração do 70º Festival de Cannes (17 a 28 de maio). Um dia após o anúncio dos primeiros filmes em competição no evento francês – cuja atração de abertura será Les Fantômes d’Ismaël, de Arnaud Desplechin – espocam boatos de que a direção do festival está nos calcanhares de Scorsese para exibir uma cópia nova inédita, restaurada, do longa-metragem, cujo lançamento foi tumultuado por uma série de protestos de entidades cristãs contestando seu teor crítico e humanista. A produção, lançada em 1988, pode voltar na seção Cannes Classics e, em seguida, ter uma reestreia comercial em circuito, conforme notícias de rádios e sites cristãos anunciaram nos Estados Unidos nesta Sexta-Feira da Paixão (14), alimentando ainda mais as especulações sobre sua ida à Croisette, ainda não confirmada oficialmente.

Viabilizado pelo duplo sucesso de A Cor do Dinheiro (1986) e Depois de Horas (1985), de modo a restaurar um projeto inicialmente idealizado para o ator Aiden Quinn ser o astro principal, A Última Tentação de Cristo foi rodado no Marrocos, ao custo de US$ 7 milhões, embrulhado a polêmicas católicas decorrentes de rejeições à sua fonte: o livro de Niko Kazantzakis sobre os desejos do filho do Homem. Thelma Schoonmaker, montadora oficial de Scorsese, contou em recente entrevista ao Omelete,  que ficava trabalhando numa moviola (mesa de edição analógica) localizada a cerca de duas horas de distância da base do set. Ela recebia os copiões no início de cada semana, tendo chance de falar com seu diretor só uma vez a cada dois dias, num telefone específico, instalado a alguns quilômetros da mesa de edição. Ele combinavam hora para falar e decidir os rumos deste épico que deu a Willem Dafoe seu melhor papel, antagonizado pelo Judas de Harvey Keitel

Aprendemos muito sobre intolerância quando o filme saiu, mas a montagem é o lugar sagrado para Marty, o espaço onde ele não tem de lidar com atores, nem produtores. E, lá, ao editar as imagens de Dafoe como Cristo, ele expressou toda a sua reflexão sobre a Fé como um exercício de descoberta de sentido”, diz Thelma Schoonmaker, a editora do filme e parceira fiel de Scorsese há 50 anos, em entrevista ao Omelete. “Os fardos do cristianismo em relação ao trato com Deus é algo difícil de entender para quem não carrega essa experiência na pele”.  

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Confira os destaques desta última semana

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