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Festival de Cannes | Comédia sueca The Square leva a Palma de Ouro

Júri presidido por Pedro Almodóvar entregou os prêmios neste domingo

28.05.2017, às 15H23.
Atualizada em 28.05.2017, ÀS 16H27

Encarada na competição do Festival de Cannes como "o Toni Erdmann de 2017", quando foi exibida à imprensa no começo da semana, a comédia de humor negro sueca The Square, sobre constrangimentos do dia a dia, levou a Palma de Ouro do júri presidido por Pedro Almodóvar.

O filme de Ruben Östlund - que levou a Croisette às gargalhadas com a cena em que um homem imita um gorila em um jantar - fala sobre o ônus da liberdade de expressão no universo das artes plásticas, a partir de uma instalação em que as mais hilárias (e assustadoras) experiências podem acontecer. Sua vitória se deu numa das edições mais tumultuadas da história do evento, em função das ameaças de terrorismo que geraram esvaziamentos de emergência do Palais des Festivals, provocaram um recrudescimento quase abusivo da segurança e ampliaram a paranoia europeia. Assista ao trailer:

"Rir é uma forma de convidar as pessoas a um debate necessário sobre nossa falta de limite", disse Östlund, diretor conhecido no Brasil por Força Maior (2014). "Foi uma deliberação difícil pois tentamos fazer valer nossas posições", declarou Almodóvar momentos antes da projeção, sem comentar os boatos de que ele e o ator americano Will Smith (também jurado) tiveram uma convivência tensa na escolha dos premiados, por suas posições diversas em relação à natureza industrial do cinema.

Ambos concordaram, contudo, que Sofia Coppola fez o melhor trabalho de direção de todo o festival deste ano, por O Estranho Que Nós Amamos. A cineasta americana, contudo, não pôde comparecer à entrega dos prêmios para buscar seu troféu pela saga de um soldado confederado (Colin Farrell) que, ferido, é acolhido por uma escola para mulheres. A diretora da escola, Sra. Martha, é vivida por Nicole Kidman, que conquistou o Prix du 70ième Festival (uma honraria especial para os 70 anos do evento) pelo conjunto de sua carreira e seu empenho declarado ao aumento do espaço para mulheres cineastas.

Favorito à Palma desde sua exibição, o drama LGBT 120 Batimentos Por Minuto, de Robin Campillo, conquistou a segunda láurea mais importante da festa: o Grande Prêmio do Juri .Conhecido por seu trabalho em roteiros como os de Entre os Muros da Escola (Palma de Ouro de 2008), Campillo já ganhou aqui na Croisette este ano o Prêmio da Critica Fipresci e o Prêmio François Challais (láurea humanista do Ministério da Cultua da França). Realizador do filme de zumbi Les Revenants (2004) e da premiada love story gay Meninos do Oriente (2013), o diretor recria a luta do grupo AIDS Coalition to Unleash Power (ACT UP), criado por uma entidade homoafetiva em 1987, em prol da guerra contra o HIV.

Cheia de menções ao septuagésimo aniversário do festival, a cerimônia de premiação de Cannes foi comandada pela atriz italiana Monica Bellucci, que convocou o russo Andrey Zvyagintsev para receber o Prêmio do Júri para Loveless. Este avassalador drama sobre desamor do diretor de Leviatã (2014) narra o périplo de um casal separado para reaver seu filho desaparecido. Radiografia do terror no Velho Mundo, In The Fade, do teuto-turco Fatih Akin, consagrou o desempenho da atriz alemã Diane Kruger – que comoveu a todos na Croisette - com o prêmio de melhor atriz. Na trama, Diane interpreta uma viúva que perdeu marido e filho num atentado a bombas e busca vingança contra o casal de neonazistas acusado do crime.

"Este é um filme sobre a importância da família, do amor e da tolerância, acima de qualquer horror que tire nosso sono", disse Diane ao Omelete, sobe os aplausos de seu diretor. "Estamos vivendo tempos de guerra, com conflitos espalhados por todas as partes do mundo, e esta é uma história sobre o luto inerente à essa brutalidade", disse Akin ao Omelete.

Vaiado em sua projeção para a imprensa por parte de Cannes, mas aclamado por uma ala considerável do público, You Were Never Really Here, thriller da escocesa Lynne Ramsay, com um premiado Joaquin Phoenix no papel de um justiceiro devotado a derrotar abusadores de meninas, surpreendeu no gosto de Almodóvar e levou o prêmio de melhor roteiro. Mas ela não ganhou sozinha. Empatou na categoria com Killing of a Sacred Deer. A incômoda tragédia grega falada em inglês deu ao diretor Yorgos Lanthimos o reconhecimento por um roteiro centrado na relação quase pedofila entre um cirurgião (Colin Farrell) e um adolescente. "Sempre vi este enredo como uma comédia apesar de tudo", ironizou Lanthimos, premiado em Cannes em 2015 por O Lagosta.

Veja a lista completa dos premiados neste domingo, no encerramento da septagésima edição do festival:

Palma de Ouro: The Square, de Ruben Östlund
Grande Prêmio do Júri: 120 Batimentos Por Minuto, de Robin Campillo
Prix du 70ième Festival: Nicole Kidman, pelo conjunto de sua carreira
Palma de curta-metragem: Une Nuit Douce, de Xiao Cheng Er Ye
Diretor: Sofia Coppola por O Estranho Que Nós Amamos
Atriz: Diane Kruger, por In The Fade
Ator: Joaquin Phoenix, por You Were Never Really Here
Roteiro: empate entre Killing of a Sacred Deer e You Were Never Really Here
Prêmio do Júri: Loveless, de AndreyZvyagintsev
Caméra d'Or (prêmio para diretor estreante): Jeune Femme, de Léonor Serraille
L’Oleil d’Or (melhor documentário): Visages, Villages, de Agnès Varda e JR
Prêmio da Crítica Fipresci: 120 Batimentos Por Minuto
Queer Palm (prêmio LGBT): 120 Batimentos Por Minuto
Prêmio do Júri Ecumênico: Radiance, de Naomi Kawase
Palm Dog (prêmio das entidades protetoras de animais): The Meyerowitz Stories
Prêmio François Chalais (láurea humanista do Ministério da Cultua da França): 120 Batimentos Por Minuto

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