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Garoto Cósmico

Inventiva animação nacional é uma bem-vinda surpresa

10.01.2008, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H32

Primeiro longa-metragem de Alê Abreu, Garoto Cósmico é prova inquestionável de que há talento nacional disponível para o desenvolvimento de grandes filmes de animação por aqui.

Através de soluções pouco custosas e investindo principalmente numa boa história, o animador esticou seu orçamento ao máximo, ao longo de sete anos, fazendo valer cada centavo. Há momentos em que a verba curta aparece, mas o público já está devidamente conquistado pela direção de arte caprichada (especialmente a do circo espacial e seus habitantes) e história empolgante.

garoto cósmico

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A trama narra a história de três crianças que vivem num sistema solar controlado por regras extremamente rígidas, o Mundo da Programação. Sem conhecer nada além de sua rotina maçante (mostrada numa ótima seqüência musicada por Gustavo Kurlat e cantada por Arnaldo Antunes), os três fazem o que lhes é exigido: estudar, comer, dormir e estudar mais. Ansiando por uma mudança de ares - eles querem ser os primeiros da classe a irem para o "Planeta das Crianças Adultas", de onde passarão futuramente ao dos "Adultos Complexos" - o trio resolve esgueirar-se pelos túneis que ligam seu dormitório à escola para estudar mais. No caminho, porém, acabam num espaçoporto e são lançados numa aventura intergaláctica. Em suas viagens conhecem o fantástico Circo Giramundo e suas atrações - mas em seu encalço está o herói de seu sistema, alguém que eles admiram e que fará com que eles reconsiderem seus destinos.

As informações de imprensa do filme citam referências a Metrópolis de Fritz Lang e THX 1138 de George Lucas - o que causou certa descrença por aqui. Seria inusitado demais. Surpreendentemente, os filmes realmente têm ecos no longa animado. Não é sempre que dá pra falar algo assim de uma produção voltada ao público infantil. O roteiro de Alê Abreu, Sabina Anzuategui (Desmundo), Daniel Chaia (Bens Confiscados) e o músico Gustavo Kurlat realmente busca algo diferente... dar às crianças algo distinto do que elas estão acostumadas em termos de animação nacional (basicamente é uma resposta anarquista à mesmice acomodada da Turma da Mônica).

Claro que existem problemas - e não são poucos, como a dublagem amadora das crianças (em compensação Raul Cortez dá um show como Giramundos, assim como todo o elenco adulto) e as já citadas seqüências "pra esticar verba". Elas acontecem dentro da nave-trem circense, são explorações das maravilhas do veículo, mas são longas demais, desviando-se da trama. Nada que uma verba maior não resolvesse...

Resta agora algum estúdio abrir os olhos e financiar algum novo projeto de Abreu com orçamento mais parrudo. Fica a impressão que ele poderia tornar-se o nosso próprio Michel Ocelot.

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