Embora Richard Linklater tenha casa, comida e roupa lavada garantidas pelo Festival de Berlim, onde exibiu vários de seus filmes, tenho lá recebido o prêmio de melhor diretor por Boyhood: Da Infância à Juventude (2014), tudo indica que seu novo filme, Last Flag Flying, vai ficar para o Festival de Cannes, para aproveitar toda a badalação da esperada cerimônia dos 70 anos do evento, em maio. Protagonizada por Bryan Cranston, Steve Carell e Laurence Fishburne, a produção, já finalizada, é uma espécie de parte dois para um cult do pacifismo a década de 1970: A Última Missão, de Hal Ashby. O original passou por Cannes e saiu de lá com a láurea de melhor ator para Jack Nicholson. Ele vivia o marinheiro Buddsky, empenhado em levar um jovem desertor (Randy Quaid) para a prisão, com a ajuda do colega de farda Mulhall (Otis Young).
Na trama original, os três cruzavam o país, enquanto o rapaz, chamado Meadows, fazia o possível para quebrar o padrão subserviente e conservador de seus captores. Com seu jeitão beberrão e brigão, Buddusky aprendia a enxergar as contradições sociais dos EUA e a desafiar os ditames das Forças Armadas, enquanto Mulhall aprendia a brigar pelos ideias negros, desafiando o racismo de que era vítima. No novo longa, Linklater deu ao eterno Walter White de Breaking Bad o papel que fora de Nicholson, tendo Carell como Meadows e confiando Mulhall a Fishburne. Ambos os filmes tem por base a literatura do escritor Darryl Ponicsan, um especialista no universo militar.
O filme mais recente de Linklater foi Jovens, Loucos e Mais Rebeldes (2016).
