Laureado de janeiro para cá em festivais internacionais como Berlim, Cannes, Roterdã, SXSW e Fantasporto, o cinema brasileiro pode comemorar mais uma vitória em solo estrangeiro: Sonia Braga conquistou o Oscar latino-americano na noite de sábado, em Madri. Por seu desempenho no polêmico Aquarius, a paranaense de Maringá venceu na categoria Melhor Atriz o Prêmio Platino, láurea criada para fomentar a integração dos países onde se fala Espanhol e Português. Na Espanha, o longa se chama Dueña Clara, em referência à personagem de Braga, uma crítica de música às voltas com a especulação mobiliária no Recife. Sua vitória foi acolhida com aplausos tão quentes e inflamados quanto os que receberam o vencedor do Platino de melhor filme: a comédia argentina O Cidadão Ilustre, de de Gastón Duprat e Mariano Cohn.
“Este prêmio dá uma sensação de pertença a um cinema a qual, muitas vezes, a gente não tem acesso”, disse a atriz ao Omelete, antes da premiação, realizada na Caja Mágica, um misto de estádio esportivo e centro de convenções. Foi no meio do papo que a atriz foi interpelada por um entusiasta famoso: o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que a abraçou calorosamente. Logo após a vitória de Sonia, seria a vez dele receber o prêmio de melhor diretor, por Julieta (2016).
“Estivemos juntos em Cannes, concorrendo, em 2016, e é uma emoção ver o Pedro aqui e ver que nossos filmes ainda estão aí, vivos”, disse Braga.
Sucesso de bilheteria no circuito alternativo do Brasil, O Cidadão Ilustre, da Argentina, levou ainda as láureas de melhor roteiro e ator, dado ao veterano Oscar Martinez. “Este é o evento mais importante para celebrar a conexão de nossas forças”, disse o ator, conhecido por êxitos comerciais de nossos hermanos como Relatos Selvagens (2014), que vive um escritor ganhador do Nobel no longa de Duprat e Cohn.
Recordista de indicações, disputando Platinos em sete frentes, a fantasia Sete Minutos Depois da Meia-Noite, de J.A. Bayona (de O Impossível), venceu em quatro categorias: Fotografia, Som, Montagem e Direção de Arte. Leão de Ouro em Veneza, em 2015, o drama LGBT venezuelano De Longe Te Observo deu a Lorenzo Vigas o Platino de Melhor Filme de Estreante na festa madrilena.
Este ano, antenados com o boom da nova teledramaturgia, os organizadores dessa festa latina criaram uma categoria nova, dedicada a minisséries ou séries de TV. Ganhou a produção policial cubana Quatro Estações em Havana, com Jorge Perugorría. No quesito homenagens, o Platino de Honra, confiado ano passado ao argentino Ricardo Darín, este ano coube ao ator americano de origem mexicana Edward James Olmos, que esterá em Blade Runner 2049, como Gaff. Os prêmios do ano que vem serão entregues em Cancun.
Lista de premiados:
- Filme (ficção): O Cidadão Ilustre (Argentina), de Gastón Duprat e Mariano Cohn
- Filme (documentário): 2016. Nacido en Siria, de Hernán Zin (Espanha)
- Filme (animação): Psiconautas – Los Niños Olvidados (Espanha), de Pedro Rivero e Alberto Vázquez
- Filme de estreia: De Longe Te Observo, de Lorenzo Vigas (Venezuela)
- Diretor: Pedro Almodóvar, por Julieta
- Atriz: Sonia Braga, por Aquarius
- Ator: Oscar Martinez, por O Cidadão Ilustre
- Roteiro: O Cidadão Ilustre
- Fotografia: Sete Minutos Depois da Meia-Noite
- Direção de Arte: Sete Minutos Depois da Meia-Noite
- Montagem: Sete Minutos Depois da Meia-Noite
- Trilha sonora original: Alberto Iglesias (Julieta)
- Som: Sete Minutos Depois da Meia-Noite
- Minissérie ou série: Quatro Estações em Havana (Cuba)
- Prêmio de Reconhecimento de Valores para a Educação: Esteban (Cuba)
- Platino de Honra: o ator americano de origem mexicana Edward James Olmos
