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Rinha - Mostra SP 2008

Filme nacional falado em inglês sobre lutas clandestinas é polêmico e desnecessário

05.11.2008, às 12H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 21H00
Quais são os cartões postais do Brasil no exterior? O Rio de Janeiro. As belas - e fogosas - mulheres. O futebol. O samba. E, mais recentemente, o vale-tudo. Depois que os Gracie levaram o jiu-jitsu para os Estados Unidos, não demorou para que essa arte marcial começasse a ser usada em competições movidas a dinheiro, o que é justamente o contrário do que prega qualquer arte marcial.

Rinha

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Rinha (2008), filme do ex-publicitário Marcelo Galvão, mostra um nível abaixo desses campeonatos. São as batalhas clandestinas patrocinadas pela aristocracia local. No caso, a "nata" paulistana, com presença de ex-alunos de um colégio americano, empresários cheios de dinheiro, diplomatas, drogas e as melhores companhias que o dinheiro pode pagar. Como prato principal, lutas em piscinas vazias que só acabam quando um lutador cansar de bater no outro.

Há o que se elogiar no projeto. A parte técnica toda é bem cuidada, com luz, som e câmeras bem posicionadas. O elenco tem figurinhas conhecidas do teatro e da TV. O figurino, o casarão e os carrões de luxo, todos impecáveis. Enfim, uma bela produção e, o que é mais interessante (pela sua inovação), feita com pouco dinheiro e muitos voluntários. Para fazer esse filme, Marcelo e seus sócios na produtora GataCine criaram um curso que ensinou pessoas que não sabiam coisa alguma sobre os bastidores do cinema e os colocou para trabalhar. Mão de obra barata para a produtora e uma experiência única para os novos cineastas.

Porém, há também muita coisa a ser criticada. Devido ao excesso de personagens que entram e saem de cena, não há espaço para que eles se desenvolvam e, por isso, sobram cenas desnecessárias - como a briga entre os dois amigos que estão indo pegar o lutador que pode lhes salvar a noite. Até mesmo o narrador é um personagem secundário. Seria melhor - e até mais barato - diminuir tudo isso.

Mas isso não foi feito porque o roteiro só existe mesmo é para chocar. O próprio diretor não tem pudores de dizer por aí que fez este longa-metragem pensando na polêmica, na mídia espontânea que o sangue geraria e que isso traria o sucesso de público que ele precisa para montar seu projeto dos sonhos, Colegas, um road-movie estrelado por portadores de Síndrome de Down. Os fins justificam os meios?

Diz o letreiro do início que é um filme baseado em casos reais. A mim, me parece uma desculpa para rodar o filme todo em inglês e assim facilitar uma possível venda para do projeto para fora do país. E assim ajuda a estampar lá fora um cartão postal que não precisávamos ter.

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