No verão 1999/2000, Xuxa Requebra obteve a maior bilheteria entre as produções nacionais. Foi apostando nesta mesma fórmula que a Rainha dos Baixinhos decidiu colocar um novo produto nas salas de exibição. Produto, sim, pois este longa-metragem não tem roteiro e só serve como uma enorme prateleira onde são expostos as novas mercadorias da marca Xuxa.
Nada é mais importante em Xuxa Pop Star do que mostrar que o computador é IBM, o lanche é McDonald´s, o carro é Audi, etc. Mas como o filme é da Xuxa, há de se mostrar também os produtos licenciados com seu nome. Daí vêm o seu recém-lançado serviço na internet (Portal X), a barra de cereais (Linea) e até o desfile de modas da sua grife infantil (O Bicho Comeu), com direito a "entrevista" com sua irmã, Solange Meneghel. Um abuso à inteligência do espectador e ao bom gosto, tamanha a cara de pau como tudo é mostrado, sempre em primeiro plano, deixando os próprios personagens em posições secundárias.
Da "elaboração do roteiro" à sua finalização foram poucas semanas. Mesmo assim, não há desculpas para a falta de criatividade apresentada. A frase que abre o filme parece que foi retirada do programa exibido por Luana Piovani, falando que tudo é super no mundo das supermodelos. Superdesfiles, supersalários e mais um monte de "supers", até dizer que "dá supersaudades de casa", tentando mostrar o motivo que levou a modelo Nick (Xuxa) a voltar para casa depois de uma bem sucedida carreira como modelo internacional.
Na entrevista coletiva à imprensa, a apresentadora disse que este não é um filme infantil. "Xuxa Pop Star foi feito para a família", afirmou a loira. O filme é uma colagem de clipes de grupos populares e desfiles de moda. É vergonhoso ver aquelas loiras e loiros - com muita água oxigenada na cabeça e pouca roupa - aparecendo na tela para mostrar seu talento (ou a falta dele) a cada 10 minutos. Após um dos interlúdios musicais, Dado (o cantor sertanejo Leonardo), que passou o tempo todo cantando e olhando para Xuxa, termina a canção e diz "Nick, você está aqui&qt&!", propiciando uma das piores cenas (dentre muitas) do longa.
Além dos músicos, estão presentes vários atores globais, mas nem eles são capazes de acrescentar alguma dramaturgia ao filme. Marcos Frota é JP, uma cópia mal feita do Dr. Evil (Austin Powers), não conseguindo ser engraçado, nem malvado. Outra interpretação sofrível é a da também ex-modelo Sílvia Pfeifer. Ela deveria ser uma rival de Nick dentro da agência Pop Star. Não consegue. Cláudia Rodrigues (Mari) e Luiz Salem (Cicinho) são os únicos que conseguem se salvar, com destaque maior para o último.
Como o filme não apresenta motivos para chamar a atenção da mídia, foi montado um circo em volta do beijo entre Xuxa e seu par romântico, Luigi Baricelli (Raio de Luz). A cena, na verdade, só se destaca por enquadrar dois belos rostos na tela grande. Para a nossa sorte, o cinema brasileiro teve uma ótima safra em 2000, com Eu Tu Eles, O Auto da Compadecida, Estorvo, Bicho de 7 Cabeças, Através da Janela e muitos outros filmes que são infinitamente melhores que Xuxa Pop Star.
Na disputa entre o bem e o mal que a mãe de Sasha tenta retratar mais uma vez, nós esperamos que o bem triunfe novamente... Faça a sua parte e deixe as crianças BEM longe desse filme.
Xuxa Popstar
Idem. Brasil, 2000. Dir. Paulo Sérgio de Almeida, Tizuka Yamazaki. Com Xuxa Meneghel, Luigi Baricelli, Marcos Frota, Luiz Salem, Leonardo, Sílvia Pfeifer
