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Crítica

O Filho Eterno | Crítica

Adaptação literária mostra de forma crua as dificuldades de criar uma criança com deficiência

30.11.2016, às 13H11.
Atualizada em 15.02.2017, ÀS 16H40

Os primeiros relatos da síndrome de Down surgiram mais ou menos em 1864, quando um médico inglês começou a observar certas características diferentes em algumas crianças. De lá para cá, muita coisa mudou em relação à síndrome, mas algo permanece igual: o desafio dos pais e da família dessas crianças.

Esse é o tema de O Filho Eterno, novo drama nacional que adapta o livro de Cristovão Tezza, publicado em 2007. Situada nos anos 80 - época em que a síndrome ainda era erroneamente chamada de “mongolismo” - o filme acompanha Roberto (Marcos Veras) e Cláudia (Débora Falabella), um casal que espera o primeiro filho e, ainda no hospital, fica sabendo que o pequeno Fabrício é uma criança com Down.

A partir dessa premissa, a produção toca em muitos pontos duros, porém cruciais, para as famílias de crianças com deficiência. Sentimentos como culpa, negação, medo, rejeição, etc., surgem, com o personagem de Veras sendo responsável pela maior parte deles. Enquanto a mãe tenta de tudo para cuidar do filho e estimular seu desenvolvimento, o pai não acredita que aquilo está acontecendo. Ele vê a criança como alguém com “defeito”, pesquisa possíveis “curas” e tem atitudes e falas que surpreendem pela frieza.

Veras, conhecido por fazer comédia, surpreende no papel dramático e entrega uma atuação sólida, que horas faz odiar, horas faz sentir pena do personagem. Já Débora Falabella mantém a consistência do seu trabalho, mostrando as dificuldades em lidar com a criança, e com a rejeição do próprio marido. Esse, inclusive, é um ponto muito importante retratado na trama: muitos pais de crianças com deficiência passam por sérios problemas no relacionamento, seja porque um não concorda com o outro, seja por “culpar” o companheiro pela deficiência.

Conhecido por séries e documentários, o diretor Paulo Machline conduz bem a trama, que apesar de mostrar 12 anos da vida da família, não fica cansativa pois pula para momentos cruciais, sempre perto dos jogos da Copa do Mundo. O Filho Eterno não oferece grandes respostas, ou métodos de como cuidar de uma criança com síndrome de Down. Ao invés disso, mostra como todos podemos ser falhos em relação a essa questão e o quanto qualquer deficiência precisa ser encarada com mais aceitação, paciência e carinho.

Nota do Crítico
Ótimo
O Filho Eterno
O Filho Eterno

Ano: 2016

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 86 min

Direção: Paulo Machline

Roteiro: Leonardo Levis

Elenco: Marcos Veras, Débora Falabella

Onde assistir:
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