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Crítica

O Filme da Minha Vida | Crítica

Com visual encantador, filme dirigido por Selton Mello termina com mensagem duvidosa

03.08.2017, às 11H31.
Atualizada em 04.08.2017, ÀS 17H45

Adaptações literárias sempre carregam questões complicadas, como mudanças da trama, inserção de novos elementos e essa tarefa fica ainda mais difícil quando se trata de um livro poético. Esse é o caso de O Filme da Minha Vida, longa dirigido (e estrelado) por Selton Mello, que tem como base Um Pai de Cinema, escrito por Antonio Skármeta.

Situado na década de 60 na Serra Gaúcha, o filme acompanha Tony (Johnny Massaro), filho de um francês e uma brasileira, que vai estudar na capital e pensa ter a vida perfeita. Mas isso muda quando ele volta para sua cidadezinha e vê seu pai (Vincent Cassel) ir embora para a França sem nenhuma explicação.

Assim como no livro, grande parte do filme é dedicada à tristeza do jovem e de sua mãe após a partida do patriarca. Porém, enquanto a melancolia demonstrada por Ondina Clais no papel de Sofia é mais implícita, Tony passa dias e dias se lamentando, escrevendo cartas e tentando entender o que aconteceu. Embora seja um comportamento compreensível, o filme fica um pouco arrastado nessa parte, com cenas que parecem dar voltas sem chegar em lugar nenhum.

Em certo momento, porém, Tony decide deixar o “luto” pelo pai e se dedicar a outras coisas em sua vida pacata: paqueras, cinema, viagens. Aqui o filme ganha, ficando mais fluido e dá espaço para Johnny Massaro crescer no personagem, que ainda mantém um ar triste, mas consegue tomar suas próprias decisões e mostrar sua personalidade interagindo com outras pessoas.

Vale ressaltar o belíssimo visual, que dá orgulho da fotografia do cinema brasileiro, e a trilha sonora, que some em momentos mais tristes, mas aparece de forma marcante quando necessário.

[Cuidado com possíveis spoilers abaixo]

O grande problema de O Filme da Minha Vida é o seu final e a resolução do conflito com o pai. Enquanto a publicação deixa o desfecho da história em aberto, o filme faz tudo de forma bem explicada e coloca seus protagonistas em contradição com suas próprias crenças. Sim, é um filme de época, e a questão colocada no final é muito mais aceitável na década de 60 do que hoje em dia. Mas Tony e sua mãe sofreram tanto, e o filme se preocupou em mostrar isso de forma tão profunda, que a aceitação cega da situação simplesmente não se explica. Com isso, o arco de amadurecimento dos personagens é prejudicado, dando a sensação de que eles pouco mudaram desde o começo da trama. Faltou ao filme perder o medo de não ter um final feliz e ser mais coerente com sua própria história.

Nota do Crítico
Regular
O Filme da Minha Vida
O Filme da Minha Vida
O Filme da Minha Vida
O Filme da Minha Vida

Ano: 2016

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 113 min

Direção: Selton Mello

Roteiro: Selton Mello, Marcelo Vindicato

Elenco: Selton Mello, Vincent Cassel, Bruna Linzmeyer, Johnny Massaro, Rolando Boldrin, Ondina Clais, Beatriz Arantes, João Prates, Erika Januza, Martha Nowill, Antonio Skármeta, Bruna Linzmeyer, Ondina Clais, Rolando Boldrin, João Prates, Erika Januza, Martha Nowill, Antonio Skármeta, Beatriz Arantes

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