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Os Indomáveis

Filme mantém acesa com dignidade a tradição dos westerns

14.02.2008, às 16H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H33

O sem-fim de filmes e histórias passadas durante a Conquista do Oeste dos Estados Unidos leva a crer que essa época histórica durou séculos. A idéia é prova da riqueza de mitos e histórias desses parcos trinta e poucos anos, período que a desenfreada corrida rumo às misteriosas terra cheias de riqueza e ameaças realmente durou.

Foram fundamentais ao estabelecimento desse imaginário nomes conhecidíssimos como John Ford, Sam Peckinpah, Howard Hawks e John Wayne; assim como foram importantes para sua manutenção os italianos Sergio Leone e Ennio Morricone e o icônico Clint Eastwood.

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Menos conhecido, mas não menos importante, é o escritor pulp Elmore Leonard, cuja história curta Three-Ten to Yuma (1953), uma de uma centena de trabalhos dele no gênero, inspirou o filme Galante e Sanguinário (3:10 To Yuma, 1957). É justamente esse faroeste que James Mangold (Johnny e June), ao lado de um trio de roteiristas, revisita cinquenta anos depois em Os Indomáveis (3:10 To Yuma, 2007).

A história acompanha um rancheiro modesto e desesperado, Dan Evans (Christian Bale), que aceita a missão de escoltar o temido fora-da-lei Ben Wade (Russel Crowe) a uma cidade vizinha, onde passa o tal trem das 3h10 até Yuma, onde ele será encarcerado. O problema é que todo o bando do criminoso já está atrás de Evans, e uma pequena guerra pode começar.

Mangold está afiado. Dirige com a mesma competência as cenas de ação e os trechos intimistas, cheios de sombra e significado. Como no filme original, esquiva-se com habilidade da clicheria que acompanha o gênero. Este não é, afinal, um filme fascinado com sua ambientação, como a alvorada do estilo - mas uma história centrada em dois personagens. O cineasta, porém, erra ao subestimar o impacto da relação dos antagonistas. Sente-se no miolo do filme uma mão pesada de produtor, de estúdio, com umas cenas totalmente dispensáveis de ação. Se o filme, como Galante e Sanguinário, chegasse mais cedo ao quarto de hotel, onde a disputa não é de chumbo, mas de personalidades, ele ganharia muito. É ali onde conhecemos de verdade os dois - interpretados de maneira irretocável por Bale e Crowe. Aliás, o "Gladiador" é um Glenn Ford (o Wade de 57) perfeito.

A redução da convivência no quarto de hotel também prejudica o final. Na versão de Mangold as atitudes de Ben Wade soam gratuitas e precoces. Algo que não acontece no filme de 1957. O destino de Dan também não me convenceu. Ficou a impressão de que Mangold quis "deixar sua marca" no gênero ou coisa assim. O original, além de romântico, é mais memorável.

Coisas do mercado atual, que teimou ainda em exagerar as agruras do herói. Não basta ser um fazendeiro sem sorte, ele teve que virar endividado, amputado e desrespeitado. Pelo menos Bale está excelente no papel que foi de Van Heflin (que não estava em um de seus melhores momentos) e Mangold contou com outros dois importantes trunfos: o compositor Marco Beltrami (veterano colaborador de Guillermo Del Toro), que criou uma trilha inspirada; e Ben Foster (o anjo de X-Men 3), que vive o pistoleiro Charlie Prince com uma intensidade que roubaria todas as cenas, não fossem os astros principais quem são.

Faltou pouco, portanto, para que Os Indomáveis entrasse para o seleto grupo das grandes produções do "velho oeste". Mas se não merece espaço entre os grandes, ao menos o filme mantém acesa com dignidade uma tocha cujo combustível é uma enorme tradição histórica.

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