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Pagando Bem, Que Mal Tem?

Kevin Smith faz ao mesmo tempo seu filme mais comportado e mais apelativo

19.03.2009, às 17H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H45

Apesar de estar se aproximando dos 40 anos de idade, o diretor, roteirista, ator, humorista e supernerd Kevin Smith continua com o mesmo jeitão de moleque de sempre. E sem largar o bermudão, boné e a camiseta jersey, segue tentando superar seu insuperável sucesso de estreia, O Balconista (Clerks, 1994).

Depois de alguns filmes dentro do Askewverse (universo de personagens e situações criado dentro de sua produtora, a View Askew), sua nova tentativa, Pagando Bem, Que Mal Tem? (Zack And Miri Make a Porno, 2008) é ao mesmo tempo o mais apelativo e comportado de todos os seus filmes.

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Apelativo porque desde o título original (Zack e Miri fazem um filme pornô) já escancara o tema principal, o sexo, como seus filmes jamais fizeram. Havia, sim, muita falação sobre o assunto, mas pouco registro gráfico. Mas Pagando Bem é ao mesmo tempo um filme comportado porque se adequa a fórmulas conceituadas e confortáveis, algo do que Smith sempre se esquivou.

Note como a premissa se adequa a boa parte das comédias românticas já realizadas: homem e mulher são amigos em busca da pessoa ideal. Certo dia percebem que sempre estiveram diante da pessoa certa - mas circunstâncias os afastam... pelo menos até que eles admitam os sentimentos que nutrem um pelo outro.

Sinopse industrializada à parte, é nos detalhes que Smith consegue transformar o tema em algo seu. Ou quase seu, já que fica o tempo todo uma impressão que o cineasta promissor de outrora tenta agora correr atrás do prejuízo imitando o novo midas da comédia, Judd Apatow. Até Seth Rogen, colaborador frequente do segundo, Smith conseguiu contratar para seu filme.

Na trama, Rogen vive Zack, sujeito pobretão que trabalha em um café e gasta todo seu dinheiro com besteiras. Elizabeth Banks interpreta Miri, colega de quarto dele. Os dois são os amigos que descrevi acima - mas seu problema emergencial aqui não é o amor, mas dinheiro. Depois de um encontro fortuito durante uma reunião de amigos de colégio, Zack tem a brilhante ideia de fazer um filme pornô. Não há o que dar errado com um filme pornô - todo mundo gosta, todo mundo assiste. Eles ficarão ricos.

Ao injetar um elemento tão absurdo em uma estrutura segura, Smith desperta interesse ao filme. Também acerta (e muito) no elenco. Banks e Rogen estão ótimos - e as participações de Brandon "Superman" Routh, Justin Long, Jason Mewes, Craig Robinson (um gênio) e as atrizes pornô Traci Lords e Katie Morgan são excelentes.

O desenvolvimento, porém, não sai muito do lugar-comum... é assexuado demais (fora um exagero escatológico, que chega a incomodar). De qualquer maneira, pelas boas piadas, elenco acertado e tema tão inusitado, Smith tem mais um bom filme nas mãos. Pena que ainda estejamos esperando que ele supere o insuperável O Balconista...

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