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Crítica

Para Sempre Alice | Crítica

Expectativa da perda inerente

12.03.2015, às 00H41.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Alice Howland (Julianne Moore) é uma inteligente e bem sucedida professora de linguística, tem uma bela família, hábitos saudáveis... Tudo é posto à prova quando ela recebe o diagnóstico de Alzheimer de início precoce, doença degenerativa que causa demência. Com 50 anos, Alice começa a se preparar para perder tudo aquilo que conquistou, ver sua vida e a de seus filhos passando rápido e lidar com o fato de que sua vida tem um prazo de validade.

Para Sempre Alice mostra em detalhes uma vida passando rapidamente. Diferente de trabalhos de ficção científica, o longa mostra algo que realmente existe e pode nos afetar, se não pessoalmente, a um familiar próximo. É uma doença que traz um desgaste emocional e psicológico muito forte àqueles que estão ao redor do afetado e é com pequenas indicações de esquecimentos esporádicos que descobrimos os primeiros sintomas de Alice.

Primeiro são palavras, apagões de consciência e compromissos que somem da cabeça de Alice. O progresso da degeneração, no entanto, é rápido. Após poucos minutos (dentro dos 101 min do longa) depois do diagnóstico já começam as crises de mudança de humor e coisas mais importantes, como o nome e rosto de Lydia (Kristen Stewart), uma de suas filhas, fica para trás.

É agonizante acompanhar as perdas de Alice. Em algum momento do filme, Dr. Benjamin (Stephen Kunken) explica que pessoas com maior capacidade intelectual acabam perdendo a cognição com maior rapidez devido aos desvios e conexões criados, criando uma espécie de disfarce sobre a doença. Dentro das circunstâncias, a estudiosa Alice poderia estar doente há meses, talvez anos, e acabou tendo um diagnóstico tardio devido a sua habilidade de mascarar os primeiros sintomas.

Mesmo enfatizando sempre que a consciência de Alice está se esvaindo com rapidez, Para Sempre Alice peca em estabelecer um período temporal exato. Em uma conversa com seus filhos, John (Alec Baldwin) chega a dizer "que já faz dois meses", mas essa é uma das poucas menções à passagem temporal do longa. Não consigo dizer quanto tempo levou para Alice chegar de seu diagnóstico ao último momento do filme, se passaram meses ou anos.

Na tentativa de explorar com mais afinco a manifestação do Alzheimer, construindo uma cena de alguns minutos para mostrar que Alice esqueceu onde fica o banheiro, o longa deixa também de criar situações nas quais ela aproveita seus últimos anos sãos. Fica sempre subentendido que esses momentos existem, mas não os vemos em tela com tanta frequência quanto seus dolorosos problemas ligados à doença.

No mais, Para Sempre Alice não erra. Moore, que venceu o Oscar de melhor atriz pelo longa, entrega uma excelente atuação e, em certo momento, é até possível comparar uma Alice sã com a já afetada pelo Alzheimer - vê-se consideráveis diferenças não só na aparência, mas na fragilidade da personagem, que antes foi uma forte e decidida mulher. Além de Stewart e Baldwin, completam a família Howland Hunter Parrish como o filho do meio, Tom; e Kate Bosworth como Anna Howland-Jones, a mais velha. Com problemas reais e conversas normais, os cinco atores fazem um ótimo trabalho em compor um núcleo bem integrado.

Cheio de momentos emocionantes e situações verdadeiras, o filme serve como exemplo para qualquer um. Com ou sem doença, todos devemos seguir nos passos de Alice e aproveitar ao máximo cada momento. Amanhã tudo pode ter sumido.

Nota do Crítico
Bom
Para Sempre Alice
Still Alice
Para Sempre Alice
Still Alice

Ano: 2014

País: EUA, França

Classificação: 12 anos

Direção: Richard Glatzer

Roteiro: Richard Glatzer

Elenco: Julianne Moore, Kate Bosworth, Shane McRae, Hunter Parrish, Alec Baldwin

Onde assistir:
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