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Polícia Federal - A Lei é Para Todos | Crítica

Filme não decide o que quer entregar ao público e peca pela falta de naturalidade

07.09.2017, às 12H07.
Atualizada em 07.09.2017, ÀS 14H02

Fazer um filme no Brasil é uma tarefa complicada em termos de investimento, divulgação, retorno do público, etc. E essa tarefa fica muito mais difícil quando se trata de uma história política que ainda não terminou, em um momento tão delicado do país. Essa é a proposta ousada de Polícia Federal - A Lei é Para Todos, longa dirigido por Marcelo Antunez, que mostra os bastidores do começo da Lava Jato, uma das maiores operações do país contra a corrupção. Porém, apesar de ter atuações alinhadas, o filme se perde ao ser pouco natural e não decidir exatamente o que pretende mostrar ao público.

Com ares de um thriller policial, o roteiro mostra que os delegados, interpretados por Antonio Calloni, Flávia Alessandra, Bruce Gomlevsky e João Baldasserini, não tinham ideia do tamanho que a operação tomaria posteriormente, e é exatamente por isso que as frases feitas que permeiam o roteiro soam tão artificiais. Fica difícil imaginar que os policiais, ao descobrirem cada vez mais provas, teriam diálogos tão expositivos quanto os que vemos em tela. Levando isso em consideração, o elenco até consegue ter um bom desempenho, dado o material que receberam para trabalhar, principalmente quando tratam da amizade que têm entre si.

O que mais incomoda em Polícia Federal - A Lei é Para Todos, é que ele não se decide entre emular os fatos com pitadas de ficção, ser um retrato documental da operação, ou mostrar a vida pessoal dos envolvidos durante as investigações. Há um pouco de cada uma dessas coisas, mas nenhuma é desenvolvida a fundo e o resultado é que fica difícil entender o que o longa quer ser. Durante a história, vários personagens reais têm seus nomes citados, enquanto outros não; há um jornal fictício que mostra algumas notícias, enquanto no final vemos uma repórter da Globo, em uma reportagem verdadeira que foi ao ar; o juíz Sérgio Moro (Marcelo Serrado) e o delegado Júlio (Gomlevsky) têm suas famílias mostradas, mas isso não acontece com outros personagens. É difícil entender o motivo dessas decisões do roteiro, mas o resultado é que o espectador pode mostrar interesse por alguma trama secundária que nunca mais será mostrada.

É preciso dizer também que o filme se esforça no começo para ter um discurso isento e apartidário: não é uma questão de culpar esse ou aquele partido, essa ou aquela pessoa. Nesse momento, a produção acerta ao mostrar que a corrupção existe no país há muito tempo, desde a chegada dos portugueses, e que é um mal que precisa ser combatido acima de qualquer partido. Porém, essa ideia incrível é usada apenas uma vez e esquecida no decorrer do filme, algo que poderia ter melhorado a discussão proposta pela trama.

A sensação final é que Polícia Federal - A Lei é Para Todos desperdiçou as chances que teve de realmente alimentar uma discussão sadia sobre a política nacional, ao entregar um material tão inconsistente ao público.

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Nota do Crítico
Regular
Polícia Federal - A Lei é Para Todos
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Polícia Federal - A Lei é Para Todos

Ano: 2016

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 110 min

Direção: Marcelo Antunez

Roteiro: Gustavo Lipsztein, Thomas Stavros

Elenco: Antonio Calloni, Bruce Gomlevsky, Marcelo Serrado, Ary Fontoura, Flávia Alessandra, Bruce Gomlevsky, João Baldasserini, Rainer Cadete, Roberto Berindelli, Leonardo Franco, Adélio Lima, Roney Facchini, Tadeu Aguiar, Leonardo Medeiros, Juliana Schalch, Sandra Corveloni, Samuel Toledo, Cris Flores, Iaçanã Martins, Genésio de Barros, Laura Proença, Beth Zalcman, Antônio Calloni, Antonio Calloni

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