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Soundtrack | "Queríamos um ambiente isolado e minimalista para tudo se destacar", diz o coletivo 300ml

Filme tem Selton Mello, Seu Jorge e Ralph Ineson no elenco

06.07.2017, às 16H13.
Atualizada em 06.07.2017, ÀS 18H05

Famoso na publicidade por suas campanhas comercial de arrojo plástico e respeitado no cinema por um curta-metragem cultuado (Tarantino’s Mind, de 2006), o coletivo 300 ML passa agora ao terreno do longa-metragem com um dos filmes mais originais do cinema brasileiro em anos: Soundtrack, já em cartaz nos cinemas. O projeto, que custou cerca de R$ 8 milhões, tem como cenário uma estação de pesquisa do Ártico, reproduzida no Rio de Janeiro. Apesar de usar imagens de neve captadas na Islândia, este drama sobre aceitações, amizades e selfies ancorou suas filmagens no Polo do Audiovisual, em Jacarepaguá. Na trama, o cotidiano de cientistas como o britânico Mark (Ralph Ineson, de A Bruxa) e o brasileiro Cao (Seu Jorge) é interrompida com a chegada de um fotógrafo, Cris (Selton Mello), empenhado em erigir um experimento de cliques e sons que desafia os limites racionais de seus colegas. Nesta entrevista, o 300 ML explica o desenho estético do filme.

Omelete: O que o frio e a neve do filme representam como metáfora da condição humana?

300 ML: Nós queríamos um ambiente isolado e minimalista, sendo assim, tudo e todos se destacam naquela paisagem etérea. Aquele “nada" mostra um contraste em cada ação, cada palavra, cada gesto. Outra coisa muito importante é a escala do ser humano em uma paisagem como aquela, onde tudo é insignificante e ao mesmo tempo tão relevante.

Omelete: Realizadas em um estúdio que reproduzia uma estação de pesquisa na neve, as filmagens de Soundtrack foram um experimento único no cinema brasileiro. O que vocês tiraram como “a” lição - sobre filmar, sobre estética e sobre o mercado audiovisual brasileiro - dessa empreitada?

300 ML: A propaganda é um exercício cinematográfico maravilhoso. Foi em Praga, na República Tcheca, que nós vimos pela primeira vez a técnica de produzir “neve”com papel desidratado. Foram mais de 3 toneladas dessa “neve” importadas da Inglaterra, que misturada com água em mangueiras possantes se transforma em flocos. Além disso, a produção resfriou o estúdio com um sistema de ar condicionado, mantendo-se assim o set com uma temperatura em torno de 10º C. A Clan – pós produtora – trabalhou com afinco, estudando as composições em parceira com a arte e o fotografo do filme, Felipe Reinheimer. Nós fizemos algumas concessões e a equipe enfrentou o desafio de forma muito madura. Temos uma história de cinema e diretores relevantes na cena mundial. Nossa expectativa é que os filmes nacionais tenham também um alcance maior com o público do mundo inteiro, e com a intensidade e o respeito como nós absorvemos os mais variados filmes estrangeiros.

Omelete: De que maneira Soundtrack conversa com as questões ecológicas da geração de vocês? Pois há uma forte defesa ambiental ali em sua trama.

300 ML: Nós fomos para a Antártica e tivemos o privilégio de conversar com alguns cientistas que dedicam as suas vidas à ciência. Existem milhares de pessoas assim – no mundo inteiro – trabalhando em lugares inóspitos, isolados de tudo, no mais completo anonimato, em projetos de longuíssimo prazo. São profundos o nosso respeito e a nossa admiração por essas pessoas. Muitas delas não vão ver os resultados e obter os benefícios das suas descobertas; elas vivem de uma forma muito elevada, trabalham e se dedicam pela coisa em si.

Omelete: Como foi construída a luz do filme em relação ao referencial do Ártico real?

300 ML: O filme é quase inteiro nublado. Nós usamos fundos reais nas composições. Muita coisa foi fotografada na Islândia e a nossa maior preocupação foi sempre tornar a experiência real.

Omelete: De que forma foi pensada a escalação do elenco estrangeiro?

300 ML: Nós abrimos o casting na Inglaterra e depois de ler o roteiro e esmiuçar os personagens com os produtores de elenco, começou a etapa de leitura com alguns atores que foram selecionados em diversos países da Europa. Ralph Ineson foi uma contingência da vida. Uma honra e um orgulho para esse projeto.  Thomas Chaanhing e Lukas Loughran fizeram leituras com uma naturalidade que impressionou e ficaram impressas no filme.

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