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Um Plano Brilhante

Demi Moore e Michael Caine em um filme-de-assalto com consciência

10.04.2008, às 17H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 21H07

Se dá pra dizer que os cineastas britânicos têm uma tradição de colocar a reconstituição histórica no topo das prioridades de seus filmes, Michael Radford (O mercador de Veneza) é um legítimo representante dessa escola. O que distingue Um Plano Brilhante (Flawless, 2007) da infinidade de filmes-de-assalto que vemos hoje é justamente a fidelidade cênica ao material que está sendo trabalhado.

Transcorrem os anos 60 em Londres, e mulheres ainda não têm grandes chances de crescer profissionalmente. Laura Quinn (Demi Moore) chegou ao máximo que podia dentro da LonDi - abreviação de London Diamond Corporation - mesmo sendo uma competente gerente dentro da maior revendedora de diamantes do mundo. A falta de reconhecimento a faz tomar uma medida dramática: ajudar o modesto faxineiro Sr. Hobbs (Michael Caine) a roubar o cofre da LonDi.

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Por trás do roubo há um contexto politizado. A LonDi é a versão ficcional de uma gigante mundial do mercado de diamantes no mundo real, a De Beers. Nos anos 60, quando a Inglaterra abriu mão oficialmente de suas colônias, a De Beers e seu braço de venda, a Diamond Trading Company, foram acusadas de explorar empregados nas minas de extração na África. Um Plano Brilhante é a crítica ao "ricos ficam mais ricos, pobres ficam mais pobres" em seu estado original.

Existe aí, portanto, uma justificativa "moral" para o assalto, no melhor estilo Robin Hood, que rende alguns diálogos soníferos sobre responsabilidade, altruísmo e consciência. Se o blablabla não lhe interessar (e Caine faz de tudo para dar estofo a essas falas, com sua dedicação habitual), dá pra atentar aos detalhes, como o corte da saia de Demi Moore condizente com a época, ou o estofado da cadeira, ou a arquitetura dos escritórios - todas essas minúcias que um diretor como Radford costuma valorizar.

Nada contra direção de arte, mas dava para prestar mais atenção ao roteiro de Edward Anderson? Melhor dizendo, não dá pra ficar "mimando" as imagens se o próprio filme não confia nas imagens que produz. Quando Demi Moore recebe um bilhete, a câmera dá um close no que está escrito e mesmo assim a atriz diz em voz alta. E na hora em que um personagem-chave aparece (Clinfton Sinclair, o avalista, olho nele), há outro personagem que praticamente explica para a câmera quem é aquele primeiro. Roteiro que não sabe se apoiar nas imagens é um problema que merece tanta ou mais atenção do que a cenografia.

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