Apesar de ser lançado em menos de seis meses, Call of Duty: Advanced Warfare não estava jogável na E3 2014. A apresentação feita pela Activision consistiu em uma breve sessão de cinema com duas sequências do jogo. A primeira quase idêntica à mostrada na conferência da Microsoft e a segunda a íntegra da cena na ponte de São Francisco, exibida no trailer recém-lançado.

O que esse pouco material mostrado significa? Nada. Não é de hoje que as empresas escondem boa parte dos jogos na E3, mesmo os lançando no mesmo ano. O caso de Advanced Warfare é diferente por um motivo simples: sequer os vídeos mostrados conseguiram chamar atenção ou evidenciar uma evolução significante para a franquia. A estética é o único item com notória diferença; por um lado pelo processamento dos novos consoles, por outro pelo emaranhado de referências que o título buscou no cinema e games recentes.

Os drones que atacam o protagonista na primeira missão demonstrada remetem diretamente às sentinelas de Matrix. O gigantesco robô que ultrapassa uma trincheira lembra o futuro apocalíptico de O Exterminador do Futuro. E a grande novidade do game, o exoesqueleto dos soldados, apesar de aparecer em inúmeros produtos da cultura pop, se assemelha bastante com o vestido por Matt Damon em Elysium - sem contar Titanfall, jogo da Respawn Entertainment. No meio disso tudo há um Call of Duty - sem muita identidade, mas há.

Os gameplays demonstram instrumentos e mecânicas pontuais que, se bem aproveitadas, podem dar uma dinâmica diferente ao game. A possibilidade de tornar as portas de veículos em escudos, por exemplo, se estendida para outros objetos grandes, pode fazer com que o ambiente das fases se torne mais maleável e cheio de oportunidades. O mesmo precisa ocorrer com as granadas multi-função e o exoesqueleto, que contém um jet pack e outros artifícios. Deixar que tudo isso só trabalhe a serviço do impacto visual seria um desperdício.

Há, porém, esperança de um respiro. A Sledgehammer Games trabalha em Advanced Warfare há pelo menos três anos, tempo suficiente para renovar os pilares que fizeram de Call of Duty o grande jogo de tiro da último geração. A baixa expectativa, nesse caso, pode ajudar a evidenciar as mudanças feitas ela desenvolvedora, que precisa focar na inovação de narrativa e mecânicas da série. Agora é esperar que por baixo dos robôs esteja realmente uma nova fase dos FPS.