Final Fantasy VII é um daqueles jogos que mudaram tudo. Em termos de importância, ele fica ao lado de poucos como Mario, Doom, Metal Gear Solid e Modern Warfare. Ele basicamente tirou a dominância do mercado de uma empresa e deu para outra, e transformou o RPG no gênero mais popular do mundo na época mais popular dos videogames até então.

None

Escancarou o que jogos podiam e deviam fazer com o espaço extra dos CDs. Apresentou um nível de escopo e realização sem precedentes e que serviu como padrão por muito tempo. Tudo isso não é opinião. São fatos irrefutáveis.

Foi a transição da Square que queria crescer e dominar o mundo para a Square gigante, dividida, rica e que soltava praticamente um jogo excelente por mês. O encontro das duas fases e o melhor dos dois mundos. Foi uma combinação tão efervescente que fez um projeto daquele tamanho ficar pronto em pouco mais de um ano.

O peso que Final Fantasy VII carrega por ser o RPG mais famoso de todos os tempos é quase injusto. Existe um revisionismo estranho atualmente que deixa você 100% mais cool nas festas se disser que FFVII é medíocre ou ruim, como se os queridinhos sexto e nono episódios precisassem de uma ajuda para serem exaltados. Eles não precisam, e me desculpe, mas o nojinho gratuito ao jogo de Cloud e cia é meio bobo.

None

Afinal, este é um jogo repleto de momentos memoráveis, sem relação com sua importância no mundo real. A explosão do reator mako 1, o Wall Market, a subida do prédio da Shinra, o flashback sobre o Sephiroth, a Gold Saucer, o spoiler mais famoso dos videogames no final do primeiro CD, o disparo do Sister Ray contra o Diamond Weapon, a saga pelo chocobo dourado, entre outros. Momentos inesquecíveis tanto para quem jogou na época quanto para quem só conheceu muito tempo depois.

Não estou dizendo que é um jogo perfeito – longe disso. Como em todo Final Fantasy, certas partes da história não fazem tanto sentido (embora seja bem mais coeso que certos jogos com bruxas do futuro e príncipes que vingam a morte do pai), e na hora de lutar a única coisa que realmente diferencia os personagens são seus Limit Breaks. Porém são falhas de um jogo que queria abrir caminhos, antes de os aperfeiçoar. São marcas de um jogo que influenciou muita gente, e que fez com que os RPGs até o fim da época do PS2 fossem obras muito além de seu tempo, aventuras enormes repletas de detalhes quase impossíveis de replicar atualmente – ao ponto de o tão aguardado remake precisar de vários jogos para isso.

Os 20 anos de uma série são comemorados o tempo todo. 20 anos de um jogo específico, não tanto. Por isso deixemos de lado as eternas listas e discussões sobre qual Final Fantasy é melhor, ou que o remake vai ser um jogo bem diferente. Vamos apenas celebrar o aniversário de um dos jogos mais queridos de todos os tempos, e o responsável por eu e você termos jogado tantos RPGs nessas últimas duas décadas.

:::

Esse texto faz parte do especial sobre 20 anos de Final Fantasy VII do Omelete. Leia mais sobre Final Fantasy VII.

Douglas Pereira escreve para a revista PlayStation e faz vídeos no Calibre Lordal. Siga-o aqui.