No início dos anos 90, uma nova era de quadrinhos se inaugurou quando grandes talentos da indústria desligaram-se das grandes companhias e decidiram fundar a Image Comics. Inaugurou-se, então, uma época negra para o amante da boa HQ e áurea para os quadrinhistas amantes do próprio bolso.

Não vale entrar aqui em méritos e deméritos dos sujeitos, mas o que se viu foi uma avalanche de violência sem sentido associada a toneladas de gimmicks idiotas, o que acabou fazendo a cabeça dos adolescentes.

Por algum tempo, isso foi elemento de crítica e humor para a própria indústria dos quadrinhos, notória em realizar auto-digestão sem que o mundo saiba disto. Sujeitos como Sergio Aragonés, Warren Ellis e muitos outros conseguiram diagnosticar o problema e atacá-lo de frente, seja em sátiras bem humoradas ou em histórias que nitidamente batiam de frente com o fenômeno.

Mas incrivelmente só agora, algum tempo depois do reassentamento da indústria, é que surge algo parecido com a crítica definitiva da época. Heróis sem um sentido de ser, histórias com tramas que parecem ter sido elaboradas em um banheiro de tão simples e violência desmesurada dão o tom de comédia a Freedom Force, novo jogo baseado em HQs que acaba de pintar nas ruas.

Mas nem só de acidez sobrevive o game. A jogabilidade e os gráficos são de primeira categoria, sem contar com um modo multiplayer que promete ser no mínimo divertidíssimo. Tudo de ótimo gosto, assim como a homenagem a Jack Kirby, que é nítida nos gráficos de transição.

Elaborado como uma suposta HQ clássica de uma tal Irrational Comics, o jogo é tudo o que um amante da arte seqüencial queria para horas de diversão descerebrada e outras tantas de risadas, seja com a história, seja com os desenhos desanimados de transição, seja com a hilária dublagem dos personagens - lembrando muito as vozes canalhas do pessoal do desenho do Tick.

Jogão.

Freedom Force (PC)

Irrational Games/ Elec. Arts
Gênero: Aventura/RPG