Após o sucesso estrondoso de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, a Nintendo tinha um plano promissor para a série, que consistia em lançar uma expansão para seu último jogo. A idéia inicial era que fosse desenvolvida para um periférico do Nintendo 64, o 64DD, que aumentava a capacidade de armazenamento de dados do console. Esta expansão seria chamada de Ura Zelda.

None

Apesar dos esforços, a equipe criativa questionou o projeto, que, além de ter muitos problemas com o lançamento do 64DD no Japão, não havia agradado a todos. Então, Shigeru Miyamoto abandonou o desenvolvimento e deixou Eiji Aonuma em seu lugar, mas enfatizou que se eles conseguissem desenvolver a seqüência em um ano, não precisariam mais continuar desenvolvendo Ura Zelda.

Depois de muitos contratempos e mudanças na equipe criativa do game, o projeto estava finalizado. Por culpa do pouquíssimo tempo para desenvolver o jogo, Aonuma optou por apenas dar uma repaginada em Ocarina of Time. Sendo assim, ele seria totalmente desenvolvido em cima da mecânica de seu antecessor, porém com melhorias gráficas. Foi então que, em apenas seis meses de desenvolvimento, no dia 27 de abril de 2000, The Legend of Zelda: Majora’s Mask foi lançado para Nintendo 64 no Japão.

A história de Majora’s Mask é bem simples, porém original. Apesar de muitos não considerarem isso, o jogo se passa após os eventos de Ocarina of Time, com Link a procura de um antigo amigo, supostamente a fada Navi, quando sua ocarina é roubada por um ser chamado Skull Kid. Este indivíduo usou a Máscara de Majora’s e acabou ficando possuído por ela, tornando-se um ser terrível. Tentando haver seu item de volta, Link entra em um buraco de árvore na perseguição à Skull Kid e acaba parando em um universo paralelo chamado Termina, culminando em sua chegada na cidade de Clock Town.

Na cidade, Link descobre algo terrível, por obra de Skull Kid a lua está prestes a cair e destruir tudo, deixando Link com apenas 72 horas recuperar a máscara e evitar o desastre. Apesar de ter pouco tempo para salvar o mundo, Link pode voltar no tempo quando quiser, após recuperar sua ocarina, adquirindo assim as habilidades necessárias para derrotar Skull Kid. Link ainda conta com a presença do vendedor de máscaras, o qual teve a máscara de Majora’s roubada e demonstra estar obcecado por ela, mostrando-se muitas vezes assustador.

Para impedir a queda da Lua, Link precisa libertar os quatro guardiões de Termina, que estão aprisionados em quatro templos espalhados entre Norte, Sul, Leste e Oeste. Feito isso, Link finalmente poderia enfrentar Majora’s, acabar com o mal que assolava aquela dimensão e voltar para seu mundo de origem. Curiosamente, em Majora’s Mask não há menção alguma sobre Ganondorf e a Princesa Zelda é brevemente citada no inicio do jogo.

Outra curiosidade interessante é a respeito do nome dado ao jogo, a máscara de Majora’s foi inspirada na tribo brasileira chamada Marajoara, que é muito popular por seu desenvolvimento de máscaras. Há também um easter egg engraçado e que passa despercebido. Existe uma máscara para cada personagem de Star Fox, como pode ser visto abaixo:

Apesar de a história ser aparentemente simples, muitas teorias são discutidas pelos fãs através dos anos. Atrás do clichê “salvar o mundo”, há muita especulação ao redor desse jogo, porém nenhuma delas pode ser comprovada. A principal teoria é a de que o jogo trata, subliminarmente, dos cinco estágios do luto. Estes cinco estágios estão implícitos e acabam revelando uma informação impactante, vamos a eles:

  1. Negação (Clocktown): aqui na cidade podemos perceber que nenhum morador está se interessando pelo fim do mundo, para eles está tudo bem e não devem se preocupar com a queda da Lua.
  2. Ira (Waterfall Swamp): como todos sabem, o Rei Deku teve sua filha seqüestrada por algum malfeitor. Mas ele não da a mínima para quem seja o culpado, apenas quer despejar sua ira em alguém e acaba pondo a culpa em um macaco, ameaçando jogá-lo no óleo fervendo caso sua filha não apareça.
  3. Barganha (Snowhead Mountain): os habitantes da região, conhecidos como Gorons, estão passando por dificuldades e com falta de suprimentos, o que os leva a barganhar qualquer coisa para que consigam comida.
  4. Depressão (Great Bay): a grande banda formada por Zoras está passando por um impasse, seu vocalista está depressivo e não quer mais tocar por sentir muita falta do guitarrista, que havia falecido há poucos dias.
  5. Aceitação (Ikana Canion): no final do jogo, após Link conseguir suas coisas de volta e também coletar todas as máscaras, ele se recusa a aprender a Elegia do Vazio, a última música que lhe falta. Para quem não sabe, uma Elegia é um poema de aceitação normalmente composto para despedida ou funeral. Link acaba se perdendo em seus pensamentos e entrando em conflito com ele mesmo, o que nos leva a crer que este comportamento leva ao fato que Navi esta morta e ele precisa aceitar este fato.

Claro que tudo não passa de especulação e teorias, mas não pode ser dito que nada disso faz sentido, afinal, o clima de Majora’s Mask é tão pesado e sinistro que uma teoria dessas não é tão incabível assim.

Teorias a parte, este ano, para a comemoração dos 15 anos de seu lançamento, a Nintendo adaptou o título para seu console portátil, o Nintendo 3DS, a exemplo do que fora feito com Ocarina of Time, e o resultado foi muito positivo. A adaptação apresentou o título para a nova geração e também proporcionou um banquete para a velha guarda que desfrutou dele na época de seu lançamento.

The Legend of Zelda: Majora’s Mask, para Nintendo 64, não foi tão popular quanto seu antecessor, Ocarina of Time, mas é um jogo tão bom quanto. Seus toques soturnos, viagens no tempo e atmosfera mais pesada que o usual (o que nunca havia sido explorado na série), acabam tornando o jogo diferente e para um público mais adulto. Embora o jogo divida opiniões, onde muitos acham o melhor jogo da série enquanto outros acham o pior, a aventura de Link por Termina vale muito à pena.