Há anos a Nintendo não experimentava um momento tão positivo quanto neste primeiro semestre de 2017. Com a chegada do Switch, a empresa saiu do terreno negativo do Wii U e mostrou que ainda é uma força a ser reconhecida no mercado global de games. Foram excelentes números de vendas tanto para o console quanto para jogos, e ela tem o franco favorito para vencer diversos prêmios de melhor do ano.

Das três fabricantes, a Nintendo é a que entra na E3 2017 na melhor posição. Ela tem mais três grandes lançamentos agendados para este ano. Um deles, ARMS, será lançado no dia seguinte à feira - 16 de junho -, enquanto Splatoon 2 está agendado para agosto e Super Mario Odyssey deve sair em outubro ou novembro deste ano. Juntando lançamentos pontuais como Mario + Rabbids FIFA 18, os próximos seis meses estão bem encaminhados.

Então, o objetivo da Big N é mostrar para o mundo que o Switch não é uma moda passageira, e sim uma plataforma que terá muito gás pela frente. A melhor maneira de mostrar isso é transformá-lo na central de tudo que é Nintendo. Independentemente do que os representantes falam, o console deve ser tratado também como portátil. O que significa que as grandes franquias do 3DS devem começar a aparecer por lá, e isso já começou.

Super Mario Odyssey
Nintendo

Fire Emblem, que nos últimos anos passou a ser uma série muito mais associada a portáteis do que consoles, vai ganhar um jogo para o Switch. É apenas natural que outras séries fortes dos produtos da família DS sigam este caminho. Animal Crossing com certeza seria uma grande ajuda, mas a principal força é, sem dúvidas, Pokémon. Todos os sinais apontam para um port de Pokémon Sun/Moon, e essa é uma jogada inteligente, apesar de, historicamente, nenhum jogo principal da franquia ter sido lançado em um console "de mesa" da fabricante.

Com Pokémon, a Nintendo não só traz uma de suas três maiores marcas para o Switch, como também mostra para todas as desenvolvedoras do mundo que ele é uma plataforma válida para grandes produtos de portáteis. Tragam seus Shin Megami Tenseitragam Monster Hunter, que sozinho já significa um tsunami de vendas no Japão, e tudo mais. O Switch será como uma casa para eles. Mas além disso, um possível Pokémon Stars garantiria um ótimo trimestre financeiro para a empresa. Lançá-lo em fevereiro ou março de 2018 já significa um bom começo de ano e ajuda a acalmar a espera por títulos totalmente novos.

E esse é um princípio que pode ser aplicado ao Switch como um todo. Uma das (várias) razões pelas quais o PlayStation Vita foi um total fracasso, é porque a Sony não investiu em jogos próprios para a plataforma. Logo, o Vita se viu preso num ciclo vicioso. Ele não tem jogos porque não vende, e não vende porque não tem jogos. Mas se God of War inFamous o ajudariam, as franquias da Nintendo, que têm muito mais força do que as do PlayStation, são essenciais para o Switch.

Nenhuma empresa no mercado consegue se sustentar com as próprias marcas como a Nintendo, e essa é a hora de aproveitar isso mais do que nunca. O que aconteceu com o Wii U não pode se repetir aqui. Super Smash Bros. (basta apenas ser um port do último jogo, Mario Kart 8 mostrou que isso funciona) é o principal gigante que ela pode usar para ter um grande lançamento no meio ou fim de 2018. Kirby, Donkey Kong, Yoshi e outros mascotes da Big N podem não ser muito fortes sozinhos, mas juntos eles vão ajudar a estabelecer um ecossistema saudável para o Switch.

A questão é: a Nintendo já trouxe algumas desenvolvedoras a bordo para o Switch, mas a Ubisoft não vai lançar Far Cry 5 no Switch. A Bethesda está portando Skyrim, não Dishonored 2 ou Prey. A EA anunciou FIFA, mas Battlefront II é PS4, Xbox One e PC. É natural que os limites tecnológicos impeçam alguns títulos de serem lançados no Switch, mas ele não pode viver de ports desatualizados de jogos que estão em outros consoles, como foi no Wii U com Mass Effect Batman: Arkham City. A situação ideal para a Big N é que quando um Need for Speed, Mortal Kombat ou Naruto for lançado, ele também esteja em sua principal plataforma.

Pokémon Sun/Moon
Nintendo

Para que isso aconteça, o Switch precisa ter uma boa base instalada. Alcançar 10 milhões no fim de 2017 e estrear 2018 vencendo o NPD - ranking de consoles e jogos mais vendidos do mês nos EUA - é o caminnho certo para mostrar isso para as principais desenvolvedoras do mercado, e a E3 é o primeiro passo para isso. É lá que um sentimento positivo é criado. É lá que os olhos do mundo, inclusive aqueles de fora da indústria, prestam atenção para ver como serão os próximos meses e anos das empresas. 

Ter uma E3 saudável, recheada de novos jogos, ports inteligentes e integrando as principais franquias da Nintendo, sejam elas de consoles ou portáteis, será fundamental para que o mundo entenda que o lançamento do Switch não foi simplesmente uma tempestade perfeita, e sim o primeiro passo de uma nova fase. Simplesmente anunciar os lançamentos não é suficiente, eles precisam sair e cumprir seus propósitos, mas tudo começa no principal palco da indústria, na terça-feira, 13 de junho.