Há algumas semanas, em sua Poison on the rocks, nossa amiga de Cozinha, Luciana Toffolo, fez de uma pergunta (tem algum fã do Limp Biskit por aí?) o tema de seu texto. Gostei tanto da idéia que decidi usar uma variação. No entanto, a minha indagação é: Tem algum fã do SPAWN por aí?

Como muitos leitores, sou daqueles que acompanham as aventuras da personagem de Todd McFarlane desde seu surgimento nas bancas tupiniquins nos idos de 1996. Naquela época, eu achava o título uma das coisas mais legais no mercado, se não pelas histórias em si, pelo trabalho gráfico e a premissa da trama. Todavia, com o passar dos anos, senti que o Soldado do Inferno não vinha sendo trabalhado da maneira mais apropriada. Sei lá, Todd parecia não saber o que fazer com o que tinha em mãos. Dava voltas e mais voltas, batendo sem parar na mesma tecla: o papel de Spawn na futura - mas que nunca chega - guerra definitiva entre o Céu e o Inferno. Assim sendo, a cada nova enrolação, meu entusiasmo pelo gibi foi minguando. Por fim, tornou-se uma daquelas que continuo a comprar por inércia. Virou hábito, da mesma forma que assistir ao jornal ou ao programa de esportes. Claro, as coisas melhoram quando Brian Holguin assumiu os roteiros, mas nada que me fizesse contar os dias até a edição seguinte.

Por isso, quando a Abril anunciou o cancelamento de sua linha de quadrinhos de heróis com o fim do Planeta DC, a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: E Spawn, como fica?. O tempo foi passando e ninguém da editora se manifestou, o que me fez acreditar que logo algum fã da revista levantaria essa questão na seção de cartas da mesma. Que nada! Meses depois do fim do Planeta DC e nenhum e-mail ou carta relacionada ao assunto apareceu na Post Mortem. Daí eu concluí:

  • Leitores escreveram para a Abril perguntando sobre o destino da HQ de Spawn e suas cartas ou e-mails não foram publicados ou;
  • Ninguém está realmente preocupado com o destino do feioso, o que motivou a pergunta que fiz lá em cima.

O interessante é que ambas as conclusões são possíveis. No caso da primeira, o passado recente da Abril mostra que a comunicação com o leitor de heróis deixa a desejar desde a malfadada Era Premium. Logo, ignorar perguntas relativas a esse assunto não seria novidade, até porque talvez o destino de Spawn ainda não estivesse selado. Até onde sabia, o contrato da editora com a Todd McFarlane Productions encerrava-se em dezembro deste ano e sempre havia a possibilidade de renovação. E não seria nenhuma surpresa se isso acontecesse. Afinal, Spawn foi o único título de super-herói da Abril a permanecer incólume às tempestades mercadológicas e editoriais que culminaram com o cancelamento de toda a linha Marvel/DC.

Já a segunda possibilidade tem muito a ver com esse passado de Spawn. Ora, desde seu lançamento há seis anos, o título foi o único que se manteve firme na Abril. Apesar de toda turbulência do mercado, o gibi não virou Premium, formatinho ou foi ameaçada de cancelamento. Ao contrário, deu frutos, como mini-séries e uma irmã, A maldição de Spawn.

Suponho que seja esse passado estável que leva os leitores a não temerem pelo futuro da revista. Ou isso ou todo leitor de Spawn, como eu, compra o gibi por costume, pouco se importando se vai durar mais dois meses ou dez anos. Claro que o aumento de preço de Spawn, de R$ 3,50 para R$ 3,90 ocorrido no último número (112) é mais um motivo que me levava a crer que o título do feioso estava com os dias contados. Lembrem-se que a Abril aumentou os preços dos antigos formatinhos exatos dois meses antes de eles serem extintos.

No fim das contas, eu realmente me preocupei à toa. Pelo visto, o passado estável de Spawn na editora Abril foi o responsável direto pela renovação de contrato entre a mesma e a TMP (mais detalhes aqui), o que garante o título do feioso nas bancas por mais algum tempo. Quem imaginaria que, dentre todos os pesos-pesados publicados ao longo da história da Abril Jovem, (Homem-Aranha, Batman, Super-Homem, X-Men), o Soldado do Inferno seria o único a impedir que as luzes da redação de heróis se apagassem de vez? Justamente ele, que é tão questionado pelos fãs de quadrinhos em geral? Vai entender...

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Mudando um pouco de assunto, acabei de rever o trailer do filme do Demolidor e, sinceramente, ele me causou reações bastante contraditórias. Por um lado, poucos foram os momentos em que eu me empolguei. Ele não me despertou, nem de longe, as reações que senti quando assisti à prévia do Aranha. No entanto, a explicação é óbvia, visto que sou muito mais fã do Cabeça de Teia do que do cegueta.

Por outro lado, gostei do que vi. Apesar de não ter sido muita coisa, parece que Demolidor vai seguir a linha criada pelos X-Men, ou seja, uma adaptação que agrada não só ao público em geral fã de filmes de ação/aventura como também aos dos quadrinhos. Claro, vai ter - na verdade, já tem - muita gente reclamando da escolha dos atores selecionados para os papéis principais, especialmente Elektra e o Rei do Crime. Isso antes mesmo do filme chegar às telas. Mas, até aí, tudo normal. Por mais que uma adaptação de quadrinhos respeite suas origens, sempre vai ter alguém reclamando. Nem que seja só pra honrar o hábito de reclamar.

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Alguém aí se lembra do Guns N Roses? Pois é, depois de quase uma década, a banda voltou à ativa e começou a excursionar promovendo o CD Chinese democracy, que nem chegou às lojas. E não é que, logo no começo da turnê, a banda de Axl Rose relembrou dos velhos tempos de confusão e foi parar nas páginas policiais? Tudo porque o show da banda marcado para o dia 7 de novembro em Vancouver, Canadá, foi cancelado em cima da hora. Como o aviso só chegou ao público quando já havia uma enorme fila pra entrar no ginásio, dá pra imaginar o resultado. Quebra-quebra, briga com a polícia, gente presa e por aí vai. Pior que, segundo o líder da banda, a culpa do cancelamento foi dos promotores, que se assustaram (palavras dele) com o fato de ele estar atrasado para o evento. Neguinho mofando na fila e o nosso amigo ainda voando pra Vancouver. Tem gente que não aprende mesmo, né, Axl?

Pra piorar a imagem já mais do que amarrotada do novo Guns, Axl declarou recentemente que o tal Chinese democracy não tem ainda uma data certa de lançamento, mas que deve estar nas lojas em algum dia de 2003. Ou não. Odeio me repetir, mas tem gente que não aprende mesmo.

E por hoje é só.

Trilha sonora da coluna: 6:00, Caught in a web e Innocence faded do Dream Theater; The shinning path, Wormwood, Tender trip on Earth e Lost, do Tristania; Ritual e Fairy tale, do Shaman.