Se você é ligado na cena de desenvolvimento de jogos no Brasil, o dia 30 de abril tem um significado especial para você. É nele que finalmente colocamos as mãos em Chroma Squad, mais novo lançamento da Behold Studios, também responsável pelo excelente Knights of Pen and Paper.

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Apesar do grande catálogo de AAAs gigantes em 2015, como o fantástico Bloodborne e os aguardados The Witcher 3 e Batman: Arkham Knight, Chroma Squad era um dos jogos mais aguardados do ano pra mim, ele venceu meu prêmio pessoal de melhor jogo da Brasil Game Show no ano passado, e combina quase tudo que eu gosto.

Vamos dar um passo pra trás. O que é Chroma Squad? Ele é um jogo como nenhum outro - um RPG tático cujo gameplay vai agradar fãs de XCOM ou de Final Fantasy Tactics e com inspirações nos seriados de Super Sentai, como Changeman e, claro, Power Rangers. E a inspiração é bem clara, dos uniformes coloridos passando pelo ataque em equipe e chegando até os mechas enormes. Não é exagero dizer que esse é o melhor jogo de Power Rangers até hoje.

Na história, cheia de metacomentários sobre sentais, cinco dublês decidem deixar o estúdio onde trabalhavam para criar seu próprio programa e escapar de um diretor controlador que só quer ação e efeitos especiais, sem ligar pra história - não, seu nome não é Michael Bay. O grupo forma seu próprio estúdio e inicia sua própria série. É ai que entra o papel do jogador.

Você deve comandar cada episódio de Chroma Squad por meio de batalhas por turno entre a equipe de heróis e os inimigos de "massinha", fazendo acrobacias ou ataques em conjunto para aumentar a audiência, e, com isso, obter um orçamento maior. Conforme você realiza as ações instruídas pelo jogo, o número de pessoas assistindo a série aumenta, e consequentemente, o número de fãs e o valor do orçamento também sobem.

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É ai que o elemento RPG de Chroma Squad fica interessante. O orçamento pode ser usado para contratar novos atores - cada um com suas habilidades, estatísticas e referências à cultura pop - comprar novas armas ou armaduras, melhorar o cenário, adquirir um modelo de câmera com mais qualidade, e por ai vai. O jogo mistura bem sua mecânica com sua apresentação e história. Tudo que você faz para deixar o programa melhor é intuitivo, do combate nos episódios até o orçamento e a forma com a qual você vai utilizá-lo.

Tudo faz sentido de acordo com a história, e com o gameplay. Nenhuma mecânica ou sistema é complexo demais, ou simples demais. O combate tem uma quantidade boa de opções de gameplay ou estratégias, mas nunca fica confuso ao ponto de me fazer querer ignorar o uso de determinadas armas ou habilidades. A Behold encontrou um balanceamento excelente entre tudo, e o resultado final alcança todas as expectativas.

Pra melhorar, a Behold Studios tempera tudo com uma ótima dose de humor. É legal ver que eles abraçam todo o exagero e o aspecto meio “trash” de séries como Power Rangers, e ver que eles não riem disso, mas riem com isso. Chroma Squad é cheio de referências inteligentes, de clichés utilizados de maneira bem-humorado, e de comentários interessantes e sutis sobre diversos assuntos, como “ser indie”.

Disponível para PCMacLinux e, mais para frente, para PlayStation 4Chroma Squad é tudo que eu queria que fosse, e reafirma o fato de que a Behold Studios é uma das melhores desenvolvedoras brasileiras, fazendo jogos que fogem do óbvio e divertem tanto quanto um indie ou AAA de qualquer outro país.

*Na seção Programa de Indie, os redatores do Omelete indicam jogos criados por produtoras independentes. Deixe a sua opinião e compartilhe outros games nos comentários!