[Nota do editor: nosso colaborador Gustavo Cubas foi ao evento de divulgação do Nintendo Switch em Nova York, que abriu as portas ao público em seu último dia, domingo, 15 de janeiro. Você confere a seguir o relato e as primeiras impressões do console.]

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Com menos de dois meses restantes até o lançamento do Switch, muitas dúvidas ainda cercam o console da Nintendo. Será que ele terá um destino semelhante ao do Wii U? Como será o suporte das desenvolvedoras além da Nintendo? O hardware do console é potente o suficiente para 2017?

Ainda não dá para responder tudo isso, mas após cerca de 90 minutos com o Nintendo Switch em um evento da empresa japonesa em Nova York, já posso dizer que o hardware do console me conquistou.

Logo de cara, ao jogar uma partida de Splatoon 2, fiquei surpreso com o quão ergonômico o Switch é. Pelas fotos, eu tinha quase certeza que seria incrivelmente desconfortável jogar algo sem o Pro Controller ou o grip para o Joy-Con com minhas mãos grandes, mas pessoalmente a experiência foi extremamente agradável e o tablet é até mesmo mais confortável que o GamePad do Wii U.

Mais impressionante ainda foi constatar como um Joy-Con sozinho funciona bem. É, jogar com o par de Joy-Cons ou um Pro Controller (que, diga se de passagem, é um excelente controle) ainda é melhor, mas é incrível o quão tranquilo foi jogar Mario Kart 8 com apenas um dos controles.

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O console em si também é digno de elogios. A capacidade gráfica é impressionante para um portátil e a tela é de excelente qualidade, mesmo entregando resolução apenas em 720p (para jogar em 1080p é necessário conectá-lo à TV). O aparelho oferece ótimos ângulos de visão e conta com cores extremamente vibrantes que a colocam muito na frente de qualquer outro display já feito pela Nintendo, seja no 3DS ou Wii U.

Outra parte do hardware notável é o HD Rumble dos Joy-Cons. A funcionalidade, que foi exemplicada na apresentação do Nintendo com aquela comparação de sentir os cubos de gelo dentro de um copo, é diferente de tudo que já testei e está muito na frente da tecnologia de rumble do Xbox One e do PlayStation 4. Entretanto, poucos jogos de lançamento se utilizam dela.

De todas as demos que testei no evento, a única que realmente parece ter utilizado o potencial do HD Rumble ao máximo foi a de um mini-game presente em 1-2 Switch que consistia em balançar um Joy-Con para tentar adivinhar quantas bolinhas estavam dentro dele. A sensação das bolinhas dentro do controle foi bastante realista, mas quando nem mesmo a Nintendo parece estar se aproveitando ao máximo da função, não fico muito animado pensando no uso do HD Rumble por parte de desenvolvedoras third-party.

Além disso, a gigante japonesa também acertou no design do console. Bonito e elegante, ele se parece bem mais com um produto de tecnologia de ponta do que um brinquedo, que era o caso com os consoles anteriores da empresa. E os cliques que você ouve nos vídeos do Switch não são apenas marketing. Os Joy-Cons realmente produzem aquele som ao serem encaixados no console.

Nesse ponto, acho que já está bem claro que o hardware do console é fantástico e nele a Nintendo acertou. O que não me deixou tão animado, entretanto, foram os jogos que testei no Switch.

Aqui, vale explicar: não consegui chegar perto de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. A permanência máxima no local era de 90 minutos e, antes da abertura das portas, a Nintendo distribuiu senhas para jogar o game. Elas acabaram em 10 minutos. Quando entrei, as senhas já estavam esgotadas há muito tempo.

Splatoon 2, o primeiro jogo que joguei, é praticamente idêntico ao original e, pelo menos no modo Turf War (no qual ganha o time que pintar a maior parte do cenário) faz muito pouco para justificar o status de sequência e mais parece uma expansão do primeiro Splatoon. Não que mais do mesmo seja necessariamente ruim, até porque Splatoon é maravilhoso e por ter sido lançado somente no Wii U muitos não puderam jogar, mas vender isso como uma sequência completa me parece meio estranho.

Mario Kart 8 Deluxe é um port mesmo (apesar de contar com personagens novos e Battle Mode) e, apesar de ser muito bom, também não é nada exatamente único do Switch.

Também disponível para testar estava 1-2 Switch, aquela coletânea de mini-games que, mesmo contando com uns joguinhos bem divertidos e ter potencial para ser uma boa diversão em festinhas, não parece ter conteúdo ou profundidade o suficiente para justificar o preço de 50 dólares cobrado pela Nintendo.

O destaque mesmo ficou para Arms, que além de ser uma IP nova tem o potencial para ser um dos melhores jogos do primeiro ano do Switch. Com um design de personagens icônico e gameplay divertido (mesmo sendo um pouco cansativo quando jogado com controles de movimento ativados), o jogo dos lutadores de braços longos pode ser uma ótima pedida especialmente para aqueles que desejam dar uns socos sem se aventurar em algo mais complexo como Ultra Street Fighter 2, outro jogo que será lançados nos primeiros meses do console.

Ainda é cedo demais para dizer se o Switch será um sucesso ou não, mas após um primeiro contato com o console é possível perceber que o hardware eficiente e poderoso é maravilhoso. E é, software pode até não ter me convencido muito, mas com Zelda, Super Mario Odyssey sendo lançados no primeiro ano e os especulados Pokémon Stars e Beyond Good & Evil 2 chegando possivelmente muito em breve, não acho que os jogos serão um grande problema.

A grande questão é se o elevado custo de acesso pode prejudicar as chances da Nintendo. US$ 299 por um console com nenhum jogo incluso, US$ 70 por um Pro Controller avulso, US$ 80 por um par extra de Joy-Cons ou US$ 90 por uma dock extra para o console definitivamente vão pesar no bolso dos interessados.