The Evil Within possui corredores claustrofóbicos, pouca munição disponível, trilha sonora pautada pelo suspense e uma jogabilidade propositalmente travada. Ainda que reúna todas as características de um autêntico game de horror, o novo trabalho de Shinji Mikami (criador de Resident Evil) não é o melhor exemplo do gênero. Na verdade, The Evil Within não é um jogo de terror.

O ritmo da campanha se baseia mais nos momentos de ação do que nas sequências de tensão - onde estão os melhores momentos do game. Essa mistura de elementos traz um desequilíbrio ao jogo, que não se sustenta como um survival horror, nem como um jogo de ação em terceira pessoa. Há diversas boas mecânicas em The Evil Within, mas nenhuma delas consegue se destacar a ponto de torná-lo um game exemplar.

A princípio, a história do jogo parece simples. Um policial vai a um hospital psiquiátrico para investigar um crime, mas acaba envolvido em uma trama com seres sobrenaturais, vírus e inúmeros assassinatos. Mikami transforma essa premissa em uma trama intrincada, com passagens surrealistas e realidades alternativas. A opção traz mais virtudes ao título do que defeitos.

As cenas de ação, mescladas com as alucinações do protagonista, são envolventes e causam a tensão sugerida pela atmosfera maléfica. Por outro lado, as maneiras escolhidas para desenvolver a história são repetidas a exaustão (flashbacks e pílulas de roteiro jogadas no início das missões) e lutam contra o potencial da trama, que tem coragem o suficiente para não explicar tudo que acontece mas se perde na hora de contar o que é essencial.

Um dos pontos mais interessantes de The Evil Within é a maneira como o potencial dos consoles da nova geração é usado na pate gráfica. É inegável que as expressões faciais são falhas, mas todo o ambiente do jogo é bem construído. As texturas de sangue, fogo, líquidos e a maneira como as sombras e luzes são usadas ajudam a aumentar o pavor no decorrer da jogatina.

Os inimigos, mesmo sendo parecidos com os zumbis tradicionais, são variados e se destacam - os chefes de fase, por exemplo, parecem ter sido feitos com um cuidado especial que, no fim das contas, valeu a pena. A "mulher-aranha" e o sujeito com a motosserra não estão presentes nas melhores partes do jogo por acaso. Com eles em cena, Evil Within exemplifica o desespero autêntico.

Essa agonia é potencializada pelo controles travados e pela pouca munição característica de jogos de horror. O problema é que somente nessas horas essa combinação funciona, pois na maioria das vezes o único sentimento possível é a frustração. É como se alguém jogasse um genuíno game de ação (Uncharted), mas com a jogabilidade tirada de títulos de sobrevivência (Silent Hill).

A política da "tentativa e erro" é recorrente, logo, decepcionante. Ao lado das várias excelentes armas apresentadas, as armadilhas espalhadas pelo cenário ajudam a diversificar o combate, mas não são posicionadas de uma forma que o uso seja simples. The Evil Within faz o jogador a morrer não, necessariamente, por ser difícil, mas por ser mal equlibrado.

Por mais que as credenciais façam desse jogo um dos candidatos a terror do ano, há pouco nele que consiga manter essa aparência. No meio das boas sacadas de narrativa e algumas sequências memoráveis, The Evil Within pode ser tido apenas como um primeiro passo do horror na nova geração. É pouco para quem esperava a ressurreição de um gênero, porém não chega a causar uma decepção generalizada.

The Evil Within está disponível para PC, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox One e Xbox 360. A versão testada foi a de PS4.

Nota do crítico