Nova A Escada é “mais verdadeira” que documentário, diz Toni Collette

Créditos da imagem: Toni Collette em cena de A Escada (Reprodução)

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Entrevista

Nova A Escada é “mais verdadeira” que documentário, diz Toni Collette

Atriz fala de como deu vida a Kathleen, vista no original apenas como “a vítima”

Omelete
4 min de leitura
06.05.2022, às 06H00.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H46

Para Toni Collete, às vezes, a ficção é mais real do que a realidade. Um exemplo perfeito é A Escada, nova minissérie da HBO Max que dramatiza o caso verdadeiro de Kathleen Peterson, uma executiva da empresa Nortel e mãe de família que foi encontrada morta na base da escada da mansão que dividia com o marido, Michael Peterson (Colin Firth), no final de 2001.

O caso, que acabou na eventual condenação (e, depois, suavização de sentença) de Michael, já foi tema do documentário badalado e premiado de mesmo nome, lançado entre 2004 e 2018 e atualmente disponível na Netflix. Por que, então, dramatizá-lo? Colette dá a entender, em entrevista ao Omelete, que a nova série tem mais a revelar do que o original.

O documentário é muito ensaiado, de certa forma. Todo mundo sabe que a câmera está lá. Enquanto isso, a nossa série, mesmo sendo em parte ficcional, tem mais aquele sentimento de você ser uma ‘mosca na parede’, observando tudo aquilo. Talvez isso te dê uma ideia melhor do que pode ou não ter acontecido, provoca.

A atriz também dá todos os créditos ao criador e diretor Antonio Campos (O Diabo de Cada Dia), que passou anos mergulhado nessa história para tirar dela algo inédito. De fato, o cineasta é tão fascinado com o caso dos Peterson que aparece em uma cena do documentário original, assistindo a uma etapa do julgamento nos bancos do tribunal.

Talvez outra pessoa pensasse ‘bom, o documentário já fez muito sucesso, porque vou refazê-lo?’, mas Antonio criou algo tão bonito e singular... Isso já estava nos roteiros, e foi o que me fez querer assumir esse papel, mas assistindo aos episódios finais eu fiquei ainda mais impressionada”, elogia Collette. “Nós conseguimos capturar algo muito verdadeiro aqui. Mesmo que não tenhamos todas as ‘respostas’, as próprias perguntas são muito interessantes, e feitas com muita honestidade”.

Livre do luto

Um dos pontos mais importantes que diferenciam documentário e minissérie, inclusive, está na personagem de Colette. A Escada expande nosso entendimento sobre Kathleen Peterson, tirando-a do papel exclusivo de vítima, de objeto de luto, para revelar uma mulher que a atriz define como muito interessante, passional, que vivia uma vida expansiva” - mas também um desequilíbrio perigoso na relação entre marido e mulher.

Eu acho que Michael é um pouco glorificado, tanto dentro da família quanto no documentário original”, comenta. “A nossa versão da história, por outro lado, é mais balanceada em termos de perspectiva. Nós contamos sobre a ruína do casamento deles antes de contar sobre o que acontece depois da morte dela”.

Ele estava vivendo uma vida boa”, define ainda. “Ela estava saindo de casa todos os dias para trabalhar duro, e ainda desempenhava o papel de matriarca, estava envolvida na vida de todos os filhos, muito emocionalmente disponível para eles. Kathleen estava em um ciclo de stress infindável, e estava exausta. [...] Eu realmente acho que o relacionamento dos dois estava chegando ao fim. Ela não estava feliz, e aquela não era uma parceria igualitária de nenhuma forma”.

Toni Collette em cena de A Escada (Reprodução)

Por estar interpretando a única personagem importante da série que não está mais viva, Colette se sentiu um pouco mais livre para criar Kathleen a partir da própria imaginação. “Eu vi muitos vídeos caseiros dela, de como ela agia ao redor de sua família. [...] Os roteiros da série também eram muito pesquisados e informados, então eu pude tirar muita coisa só daquelas palavras. A produção chegou a entrar em contato com algumas pessoas [que conheciam Kathleen] e me ofereceram a possibilidade de conversar com elas, mas achei que isso não me ajudaria”, revela.

Dona de um longo currículo de filmes que incluem temáticas pesadas, como Hereditário e O Sexto Sentido, a atriz também confessa ter sentido alívio por não precisar ser a pessoa que está de luto” nessa história: Todo mundo precisou lidar com isso nas suas cenas, e é algo que pode ser difícil para o ator. Quando eu estava no set, por outro lado, Kathleen estava viva”.

Os três primeiros episódios de A Escada já estão disponíveis na HBO Max. Os capítulos seguintes serão lançados semanalmente, às quintas-feiras.

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