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Artigo

Bruno Mars mostra o que é ser um showman de verdade em apresentação paulistana

Norte-americano faz show swingado e ganha a plateia com performance para guardar na memória

23.11.2017, às 11H08.
Atualizada em 27.11.2017, ÀS 10H18

O que esperar de um show do Bruno Mars? Tudo e mais um pouco. O jovem de 32 anos ganha a audiência logo nos primeiros acordes de sua apresentação com “Finesse” e traz a lembrança - inevitável - do som produzido por Tim Maia em seu auge. Depois de dominar o público de forma quase instantânea, com o combo "24K Magic" e "Treasure", o show vira passeio e é só assistir um performer incrível, com domínio total de suas funções no palco e que -  desde o minuto um - entrega uma performance irretocável.

Distribuindo hits em um show focado em seu último disco, 24K Magic, tudo em sua apresentação chama a atenção. O set de luz que traz nuances da década de oitenta e se integram de uma forma realmente especial ao palco, o som, o público cantando como se estivesse em um baile/uma festa de amigos - mais um dos grandes trunfos do músico -, afinal de contas o show parece um local no qual todos foram para dançar, se divertir e - de sobra - ver Mars e a sua banda tocar.

Dentro dos incontáveis bons momentos da sequência inicial do show, “Treasure” foi a faixa que catalisou as vozes da plateia e daí pra frente, não tinha mais como dar errado.  A partir desse momento era possível ver nos olhos de quem assistia as coreografias no palco e sorria com a música, que esse é um daqueles eventos que você tem vontade de filmar/fotografar do início ao fim, pois ele vai marcar sua vida.

Palco e carisma

Mars domina o palco, seus movimentos - mesmo quando nitidamente coreografados - parecem espontâneos. E claro, ele conta com um time de músicos que compõem uma cozinha grande e que entrega as receitas com o tempero ideal, o que faz de cada um dos músicos uma parte extremamente importante do show. Isso em conjunto com cada novo jogo de luz, cada novo clima, faz com que a apresentação transcorra de maneira tão sutil que parece existir um DJ mixando cada um dos momentos, sempre atento para que o som chegue potente, perfeito e impactante aos ouvidos.

O músico que mesmo com poucas palavras se mostra muito carismático, colocou a plateia ainda mais perto de sua apresentação ao falar “Quero você gatinha” em parte da faixa “Calling All My Lovelies”. Um daqueles detalhes capazes de fazer o meio estádio ocupado para o show gritar como se aquele fosse o ápice do dia e não era…

À medida que o show caminha para sua parte final fica ainda mais claro o domínio do palco e do que é necessário fazer para conquistar seus fãs. Mars entende muito bem como criar instantes e dinâmicas distintas durante sua apresentação, como no momento em que a plateia cantou “Versace on the Floor”, daquela forma impressionante que faz você ter seu momento Beyoncé. Isso só mostra como o estádio todo estava ligado em um mesmo ritmo em um mesmo clima musical. Vale considerar ainda que mesmo com um público festivo e dançante, as faixas mais calmas, como “When I Was Your Man”, colocam todo mundo pra cantar e mostram que não existe escolha ruim no repertório do norte-americano.

Por fim, a apresentação de Mars é um desfile de bons clichês: o músico tem o público nas mãos, repertório que mantém o interesse da audiência do início ao fim, artistas excepcionais em todas as áreas do show nitidamente projetado para marcar a memória de quem gosta de espetáculo, algo que não se perde nem mesmo quando um dos pianistas da banda desafia a plateia com um solo dissonantes e que foge de tudo que já havia sido apresentado.

Após esse refresco, Mars e seu time retornam com a super radiofônica "Locked Out of Heaven", usada como momento de despedida do grupo que deixa para o bis a impactante "Uptown Funk", que - da mesma forma como termina, pesada, swingada e sincopada - leva todos os integrantes para o backstage e deixa só o brilho do conjunto criado para ser único na lembrança de quem esteve no estádio.

No fim das contas, não é todo dia que você pode ver um show desse calibre, com essa qualidade e com um público tão conectado. A sonoridade forte e cheia de swing que conta com alguns dos principais elementos da música negra* em conjunto com uma pegada pop refinada desenvolvida sob medida para estádios mostra que Mars é um artista completo, que sabe usar a produção a seu favor, mas que entrega o que promete da melhor forma, sem rodeios e sem firulas.

DNCE - A banda de abertura com swing jovem

O DNCE  foi o número de abertura de Bruno Mars. A banda que tem em Joe Jonas seu trunfo principal mostra uma vibe adolescente com a sonoridade ideal daquele pop de rádio que os norte-americanos sabem muito bem como fazer. Porém, mesmo com essa característica bem evidente no único disco da carreira, DNCE (2016), o grupo surpreende com uma apresentação repleta de momentos swingados criados pela formação compacta  que conta com a guitarrista Jin Joo, o baterista Jack Lawless e o baixista Cole Whittle, além de Jonas.

Então, caso você esteja reticente sobre chegar cedo para ver o show de abertura, vá sem medo. O clima dançante do DNCE prepara o corpo e o humor para o que vem na sequência. A banda tem muita lenha pra queimar e sobe ao palco antes da atração principal sabendo usar isso muito bem.

Bruno Mars retorna ao Morumbi nesta quinta-feira (23) para mais uma apresentação de sua turnê 24K Magic e ainda é possível encontrar ingressos para alguns setores.

*Vale ressaltar que atualmente Mano Brown, com o show do seu disco solo Boogie Naipe, mostra muito desse som de qualidade e  produção impecável. Fica a dica, caso você tenha gostado do Mars.

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