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The Rise and Fall of Ziggy Stardust um clássico que ultrapassa gerações

Um dos principais disco de Bowie completa 45 anos e se mantém único e inovador

30.06.2017, às 12H29.
Atualizada em 30.06.2017, ÀS 15H28

Quarenta e cinco anos atrás, David Bowie já era um nome importante no cenário do pop/rock britânico. Ele já tinha quebrado a barreira do anonimato com "Space Oddity", já tinha conseguido certa notoriedade com "The Man Who Sold The World" e se mostrou um refinado compositor em "Hunky Dory", com as potentes "Life On Mars" e "Changes", hoje clássicas absolutas de seu repertório.

Ziggy Stardust and The Spiders From Mars - David Bowie

Mas foi em 1972 que Bowie saiu do status de grande compositor para virar uma lenda e conquistar definitivamente seu espaço, criando sua primeira e talvez mais conhecida persona - Ziggy Stardust - praticamente reinventando o estilo que nos acostumamos a chamar de glam rock. Rótulos à parte, até porque para falar de Bowie eles não fazem justiça, Ziggy Stardust and The Spiders From Mars já era camaleônico.

O disco conta a história de um alienígena rock star que chega na Terra e se depara com um cenário desolador, onde uma humanidade decadente tem apenas 5 anos restantes para viver na Terra, como ele descreve em "Five Years". A distopia serve de cenário perfeito para as alucinações de Ziggy, que com sua própria banda - os Spiders From Mars - ilustra as agruras de uma sociedade à beira de um apocalipse.

Por isso, o som do disco é metálico, melodramático, cheio de pianos grandiosos quase cinematográficos e guitarras distorcidas (por vezes até desafinadas) que representam as ruínas do mundo que Ziggy encontra pela frente. A grandiosidade musical em si não era novidade para Bowie, mas aqui foi a primeira vez que a execução refletiu com fidelidade e justiça o alcance de suas ideias incríveis durante um álbum inteiro.

Ziggy é poderoso porque não se resume à pretensão: mais do que ter um conceito inovador, o que Bowie queria mesmo era mostrar que sabia fazer músicas pop marcantes. Com um ar teatral, o disco funciona como uma história onde ele consegue encaixar seu dom de passear por vários estilos com maestria, apresentando pela primeira vez alguns de seus hinos mais indefectíveis.

O personagem é uma representação de jovens artistas que morrem no auge e que se entregam de corpo e alma ao que fazem, como Jim Morrison e Jimi Hendrix por exemplo. O próprio Bowie matou Ziggy logo após a turnê do album, corroborando com a biografia contada na letra da música: “he took it all too far, but boy… could he play guitar!!”.

"Moonage Daydream" é a viagem alucinógena onde acontece a transformação de Ziggy no astro que vai mobilizar milhares de fãs - que também vão abandoná-lo no final. Um sopro de esperança chega na forma de um sonho, onde Ziggy é compelido a chamar um “Starman” que supostamente trará boas notícias no meio de tanto caos.

"Lady Stardust" seria uma daquelas fãs inconsequentes? Ou seria a revelação do próprio Ziggy desprovido de gênero, enfrentando um preconceito que infelizmente existe até hoje, impedindo as pessoas de serem quem querem ser: “I smiled sadly for a love I could not obey” é um dos versos mais bonitos e poderosos de uma das mais fundamentais peças que compõem o disco. Bowie já capturava aqui as tensões da sexualidade como tabu numa época em que ainda nem sequer existia a sigla LGBT. E não nos esqueçamos de que Ziggy, no fundo, era Bowie.

Star era ascensão, o momento onde Ziggy se esbaldava na fama, sendo ovacionado pela multidão e sonhando com a glória, enquanto "Sufragette City" mostra o mesmo cenário de um outro ponto de vista, com Ziggy já totalmente fora de controle e consumido pelas drogas e pela cegueira da fama se perde no mundo do “glamour”. É a queda, até o tropeço final em "Rock n Roll Suicide".

Já no ano seguinte, Aladdin Sane seria a icônica persona que daria continuação e o fim definitivo a Ziggy, num disco onde a sonoridade ficaria mais experimental e ainda mais dramática, até culminar com a opressão máxima de Diamond Dogs, em 1974. Mas nada disso teria sido possível se Bowie tivesse ficado no terreno sonoro de "Hunky Dory".

Musicalmente falando, Ziggy Stardust and The Spiders From Mars é um daqueles discos visionários que continua se revelando a cada nova audição. É sexy, é dramático, é violento, é divertido, é provocador, é entorpecente. Foi um dos momentos fundamentais na obra de Bowie, consagrando criador e criatura e mudando para sempre sua importância na cultura pop - ouça o disco na íntergra.

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