O trio de Hip Hop, De La Soul, chegou ao Brasil depois de realizar um grande feito. Após 12 anos sem lançar material inédito, o grupo colocou nas lojas e serviços de streaming o disco and the Anonymous Nobody..., projeto 100% financiado por fãs.
Com esse recente lançamento na bagagem - o disco foi disponibilizado em agosto -, o grupo formado por Posdnous, Dave e Maseo, se apresentou em São Paulo, no último sábado (5) como parte de uma das festas de música negra mais famosa da cidade, a Chocolate. No entanto, nem essa união de fatores foi suficiente para fazer com que o show fosse memorável.
O local estava cheio, quando, pouco depois das três da manhã, Maseo assumiu as pick ups, após uma série de outras apresentações, para manter a audiência quente. Dez minutos depois, Posdnous e Dave entraram no palco e começaram a sequência de músicas permeando a carreira do De La Soul.
No entanto, logo de entrada, a expectativa para ver e ouvir como seria a apresentação de algumas faixas do último disco, foi quebrada. O novo projeto conta com uma sonoridade bem elaborada e diversificada, que não pôde ser reproduzida ao vivo, já que o foco do show ficou quase sempre nos vocais do trio em conjunto com a tentativa de interação com o público. E isso é uma pena.
Em todo caso, depois de dois anos sem se apresentar no Brasil, e após shows no Rio e em Belo Horizonte, o grupo parecia estar esperando bastante do público paulistano, pois Dave, em diversos momentos parecia nervoso e desconfortável com o comportamento de grande parte da audiência. Em alguns momentos ele chegou a ser mais agressivo, desferindo palavrões ao pedir mais energia para o público e ao falar com quem estava nos camarotes.
E, realmente, era perceptível a falta de engajamento/foco do público. Grande parte do tempo, o som de pessoas conversando pelo espaço abafava o que acontecia no palco e não ajudava a espalhar a vibração de quem se entregava ao show.
Próximo ao final da apresentação, Dave parou tudo e comentou sobre os elementos que compõem o hip-hop: O DJ, o B-Boy, o beat box, o MC e enfatizou, "A energia do público". Falou sobre a necessidade da troca dessa energia. "Da mesma maneira que nós damos energia, aqui, nós também queremos receber de vocês". Depois desse discurso, apresentaram mais um número que dependia da interação com a audiência, mas pouca coisa mudou.
Após isso, o trio deixou o palco e parecia que era o final da apresentação, mas eles retornaram poucos minutos, aparentemente mais empolgados e partiram para encerrar a noite com a clássica "Me, Myself And I", do disco 3 Feet High and Rising, de 1989. Nesse momento final, a plateia também se mostrou um pouco mais empolgada, enfim dentro do show.
Os três se despediram e saíram do palco, deixando a sensação de que algo ficou faltando: Talvez um pouco de entrega do público ou ainda, a energia baixa possa ter sido só o resultado das boas apresentações que antecederam o show, mas que foram longas demais.
Projetonave
É importante frisar que antes do De La Soul subir ao palco, o Projetonave, grupo experimental, formado por Akilez, Marcopablo, Alex Dias, DJ B8, Flávio Lazzarin e William Aleixo, fez uma excelente apresentação para quem gosta de rap e hip hop com mais possibilidades sonoras.
Nessa noite o projeto "criou" uma mixtape ao vivo enquanto convidados como Black Alien, MC Marechal, Síntese, Tássia Reis, Parteum, Stefanie, Amiri Oficial, Edgar e Rodrigo Ogi, mandavam suas rimas.
Ouça o último álbum do De La Soul, and the Anonymous Nobody..., abaixo:
