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Deep Purple mostra que está em forma em show paulistano

O Festival Solid Rock está rolando no Brasil com uma trinca de bandas clássicas e shows em três capitais

14.12.2017, às 10H03.

O evento que rolou na capital paulista nesta quarta-feira (13), trouxe três bandas de tradição na história do rock: Tesla, Cheap Trick e Deep Purple.

Os ingleses que já estão na estrada há quase cinquenta anos e podem estar em sua última grande turnê pelo mundo, já passaram pelo Brasil mais de 50 vezes e agora estão divulgando seu disco mais recente, Infinite, lançado em abril.

Na Europa, a turnê nomeada de The Long Goodbye (O Longo Adeus), acendeu o alerta de que esta pode ser a última grande sequência de shows do Deep Purple pelo mundo. No entanto, eles parecem ainda ter lenha pra queimar. Com todos os integrantes no palco, poucos instantes depois das das 22h, ouvir os acordes de "Highway Star" causa um leve frisson na plateia. O estádio não estava cheio, mas as pessoas estavam animadas para rever os ingleses mostrando como se faz rock depois dos 60.

Steve Morse (guitarra) é o mais novo e já tem 63 anos, mas - assim como todos os integrantes do grupo - ainda mantém um ar de virtuose e mostra que essa geração de grandes bandas clássicas consegue manter um som cristalino e pesado, sem perder seus elementos originais. E é ótimo poder ver isso ao vivo.

A banda ainda conta com o vocalista Ian Gillan (72), o baixista Roger Glover (72), o tecladista Don Airey (69) e o baterista Ian Paice (69), e deixa claro que quando sobe ao palco o que importa é a música. A estrutura não tem grandes chamarizes, a não ser a performance de cada um deles que pode surpreender os mais desavisados.

Porém, o destaque fica por conta de Paice que toca bateria como um jovem senhor em grande forma e faz com que as atenções se voltem pra ele constantemente. Afinal de contas que outro grupo tem um baterista com essa idade tocando músicas de alta complexidade de forma tão exímia?

Os clássicos e o público

Graças ao extenso catálogo do grupo, é impossível renegar os clássicos da fase áurea, faixas que não perdem o verniz de forma algum. Cada uma dessas músicas, assim que reconhecidas, leva o público para um novo momento do show. Claro, como de praxe, as músicas mais recentes não pegam tanto, mas nada que faça o clima da apresentação esfriar.

E essa alternância entre ferver e se manter quente, possivelmente, fez com que Gillian - em diversos momentos - elogiasse muito a plateia. Ele, visivelmente empolgado, conversou e tentou interagir da melhor forma possível enquanto seus companheiros mostravam toda a técnica acumulada com os anos de estrada.

O público respondia a todos os estímulos do palco: Batiam palmas e quando acontecia um pequeno silêncio entre uma música e outra - algo raro na apresentação - os gritos de empolgação surgiam como ondas.

O show caminhou para o seu final com a clássica "Smoke on the Water", que precedeu um rápido intervalo para o retorno com "Hush", que fechou o bis e a noite.

Gillian em entrevista recente disse que o grupo deve permanecer em turnê por mais três ou quatro anos e que um retorno ao Brasil deve rolar.

Então, que assim seja, pois presenciar seres tão importantes para a história da música, com total capacidade de apresentar algumas das criações mais marcantes da história do rock precisa acontecer por aqui, ao menos, mais uma vez.

Depois de mais de 40 anos, Cheap Trick estreia no Brasil

Antes da principal atração da noite, duas bandas norte-americanas subiram ao palco do Solid Rock para mostrar suas músicas. O Tesla, que empunha a bandeira do hard rock, cumpriu com a ingrata função de subir ao palco com um público ainda bem pequeno e antes do pôr do sol, mas conseguiu mostrar a que veio.

Depois, já com a noite dominando o espaço, a Cheap Trick, banda com mais de 40 anos de estrada (e que veio com a ingrata missão de substituir o Lynyrd Skynyrd), fez sua estreia na capital paulista. Com um show direto e sonoridade característica, o grupo precisou trabalhar com uma plateia perdida. O guitarrista Rick Nielsen fez o que pôde para manter a atenção do público no palco e em alguns momentos conseguiu alguma resposta.

A banda que mostra seu som no estilo clássico do rock, quatro caras tocando o mais alto que podem, funcionou bem e manteve o foco na interação com a plateia durante todo o  tempo.

Entre os momentos clássicos da apresentação estão o convite ao vocalista do Tesla, Jeff Keith, para participar da faixa "She's Tight" e conseguiu empolgar uma parte considerável da audiência com as famosas “I Want You to Want Me” e “Surrender”.

Outro ponto alto da apresentação foi o solo climático do baixista Tom Petersson que construiu uma atmosfera completamente diferente com seu instrumento. O músico, com poucos acordes foi capaz de condensar a atenção da plateia e conquistar um dos poucos momentos com todo o estádio focado na música que vinha do palco.

Uma estreia sem toda a pressão esperada, mas que deve ter marcado a vida de muitos fãs.

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