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Dia Mundial do Rock | Apesar dos roqueiros, o Rock passa bem

Estilo continua influenciando pessoas ao redor do mundo, mas precisa de mais abertura entre os fãs

13.07.2017, às 12H11.
Atualizada em 13.07.2017, ÀS 15H28

Não é de hoje que ouvimos dizer que o rock está morto ou está morrendo. Esse comentário vem de gerações passadas que, assim como parte desta, acredita que o "bom e velho Rock n' Roll" feito no seu tempo era maior, melhor e mais bonito. Um público que costuma fazer questão de ressaltar que não existem mais bandas como as antigas: “Com algo a dizer ou com um som que comove".

Dia Mundial do Rock - O Rock passa bem apesar dos roqueiros

Talvez, em algum ponto, algumas destas frases até façam sentido, mas basta uma rápida análise para perceber que o rock anda muito bem, apesar dos roqueiros. Afinal de contas, ainda surgem novas bandas todos os dias, sempre carregando a bandeira do gênero e seus diversos estilos - seja com uma referência sonora mais datada, seja na tentativa de puxar o gênero para frente -. Algumas perduram, outras não. Mas música não é só mercado, certo? Música é arte, é algo que comove e nem sempre o que me comove vai ser capaz de comover uma massa gigante de pessoas para aparecer em todos os lugares do mundo, ou de comover você.

Sempre temos músicas com guitarra, letras bacanas e shows cheios em diversas partes do mundo, às vezes em arenas, às vezes em um pequeno clube no centro de uma cidade de 100 mil habitantes, mas dessa forma o rock caminha. E novamente, como toda expressão artística: O que é rock para um pode não ser para o outro e está tudo bem. Mas o fator que poderia expandir o gênero, em grande parte das vezes, é justamente o ponto que o faz perder admiradores, tudo graças a uma parte do público que deixou de ser questionadora e agregadora de possibilidades e se tornou defensora de algo que eles acreditam ser certo e que precisa ser salvo.

O ambiente do rock, de forma geral, tem como marca a expansão, o uso e a inserção de novas referências sonoras que o levaram pra frente e trouxeram novos fãs para os clássicos. Isso, em conjunto com a marca de conviver com as diferenças, não só sonoras, mas também estéticas, aglomerava um punhado de gente querendo falar sobre o que não concordava, querendo ser ouvida e também bater cabeça. Hoje, os fãs do “rock de verdade” passam mais tempo discutindo sobre se algo é ou não rock; se é bom ou ruim; ou simplesmente se aquela sonoridade realmente remete a algo que ele ouviu há "dez anos". Tudo se reduz a isso ao invés do prazer de apreciar a música e incentivar novas bandas. Claro que o impacto social do estilo na vida comum já não é mais o mesmo, até porque o segmento foi puxado para a superfície com os fãs que já ultrapassam os 40/50 anos e hoje passam sua musicalidade pra frente. E isso é muito bom.

Porém, mesmo com esse novo “status”, o rock ainda tem seu lugar como expressão visceral na vida de muitas pessoas, jovens e adolescentes inclusive. E é ai que grande parcela dos fãs mais antigos e conservadores passam a não ajudar o estilo que dizem tanto amar, justamente por valorizar elementos que não estão em evolução, mas sim na contramão do tempo. Isso, muitas vezes, vai contra a tendência contemporânea de que todos busquem lugares, estilos e sonoridades que sejam capazes de representá-los, de incluí-los da forma que são e compor ambientes diversos, tolerantes e desafiadores, como o rock já foi há algum tempo.

Atualmente, como escrito sabiamente em texto de Brunno Constante, no Papel Pop, o gênero musical que melhor trabalha essa ideia de subversão de algumas das principais regras sociais estabelecidas em conjunto com a aceitação de diversos estilos e "credos" é o funk - não dá pra negar - com todo o seu esquema visual, letras explícitas e cena própria, algo que o Rock teve em seu início. (Essa ideia pode ficar para um próximo texto). Obviamente que isso não tira o mérito do rock, mas mostra que os amantes da música continuam a buscar novas possibilidades de se expressar e manter a chama da juventude acesa, algo que todo roqueiro - com certeza - já fez.

Assim, o que mostra a força do rock hoje, é o fato do gênero - apesar de lidar com uma parcela de fãs que asfixia seu desenvolvimento - ainda consegue ser capaz de influenciar jovens a comprar guitarras e buscar suas formas de expressão musical, seja com três acordes, seja com um álbum progressivo. Isso gera sonoridades para a música eletrônica e para uma infinidade de outros segmentos musicais que bebem dos estilos mais versáteis e interessantes. Por isso, o rock sempre vai passar bem, vai se manter responsável pela criação de algumas tendências sonoras, seja se retroalimentando, estimulando ou simplesmente explodindo cérebros que se apaixonam pela sonoridade marcante e única, representada por grupos novos e velhos.

Por fim, para manter o gênero em destaque é vital que a abordagem restritiva quanto ao som e a forma precisa ser deixada para trás e assim permitir que o gênero consiga atrair novos fãs, se renovar e continuar evoluindo, sempre com uma dose libertária e libertadora de um passado simbólico que fez do gênero um símbolo da juventude e dos amantes da música.

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