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Ed Sheeran mostra todo seu potencial no show de um homem só

Músico se apresentou em São Paulo neste domingo, 28

28.05.2017, às 00H12.
Atualizada em 29.05.2017, ÀS 00H12

Ed Sheeran retornou ao Brasil dois anos após sua primeira vez no país para série de shows em quatro capitais. No entanto, desta vez, o músico inglês chegou por aqui com novo disco sob os braços, Divide, e diversos recordes de vendas e visualizações em várias partes do mundo. Sim, o ruivo é pop e isso nunca foi segredo. Como em toda sua turnê pela América Latina, antes do show de Sheeran começar, o músico Antonio Lulic, cantor inglês, que possui apenas um EP em sua carreira, foi responsável pela apresentação de abertura. Um detalhe interessante é que, mesmo para um nome não tão conhecido, a plateia já estava ligada em seu show; cantava, acompanhava, gritava e respondia a todos os pedidos de Lulic, como se ele fosse o astro.

Ed Sheeran Show São Paulo

E já neste momento era possível sentir a diferença entre um show de rock e um show para uma plateia composta majoritariamente por adolescentes. Uma apresentação em estádio é sempre intensa, mas os gritos adolescentes, a força e a vontade de participar do que está acontecendo é tão latente que - não importa o que está sendo cantado - arrepia.  Lulic encerrou sua apresentação com um medley que uniu "Use Somebody", do Kings of Leon, "Girls Just Want To Have Fun", de Cindy Lauper, e sua faixa "Boozehound", e o estádio cantou como se nada mais importasse.

Ed Sheeran entrou no palco às 20h em ponto e mostrou que mesmo com seu nome muito maior do que da última vez que passou por aqui, seu show ainda é seu show. O músico usa pedais de efeito para fazer toda a sonoridade e não tem banda de apoio ou qualquer outra coisa para chamar a atenção. Isso mostra como o jovem de 26 anos está preparado para qualquer situação. Claro que a estrutura com telões imensos e muitas luzes ajuda o show a ganhar uma cara de algo grande, mas a música é só dele. E com isso, fica em evidência a dinâmica do ruivo no palco. Na sua faixa rap, "Eraser", ele caminha pelo espaço com total domínio do que está fazendo. Vale comentar que uma passarela que o levasse para dentro do público, seria perfeita para esses momentos.

Outro detalhe interessante é que Sheeran subiu ao palco como quem chega de um passeio no final de tarde e vai cantar. Sem dúvida uma das peculiaridades dos artistas europeus, que sabem que o que vale é o que eles fazem, não as espinhas no rosto. A forma como os telões são distribuídos, compondo uma parede e um teto de luz e imagem, lembra um programa de TV. Parece que o estúdio do X-Factor ou do American Idol foi levado para o estádio, e funciona bem. Sheeran é um cara muito falante, conversa com o público no intervalo das músicas, convida todo mundo pra cantar "como se fosse sexta-feira", e também desafia a plateia comparando o show em São Paulo com o show em Buenos Aires:  "Toquei em Buenos Aires e eles gritam muito. Vocês conseguem gritar mais alto do que eles?", claro que o estádio foi abaixo com a provocação. Ele aproveitou o momento e mandou uma das faixas mais tranquilas de seu novo disco "Dive", que, como de costume, foi acompanhada em coro.

Vale lembrar uma curiosidade bem interessante sobre as músicas de Sheeran; aqui no Brasil, grande parte do público do jovem inglês é composta por crianças, mas suas letras não são tão infantis assim... De qualquer forma, sua sonoridade assimilada com tamanha tranquilidade pelas rádios arrebata fãs de todas as idades e não da para negar que a fórmula que ele desenvolveu funciona muito bem, tanto para casais apaixonados quanto para crianças com poucos anos de idade.

O novo show do ruivo, como esperado, é focado nas músicas de seu último disco, Divide, mas também contou com algumas faixas que não pertencem a tracklist do disco como "I See Fire", da trilha sonora de O Hobbit, ou ainda uma versão de "Feeling Good", que foi acompanhada por grande parte do estádio. Mas a campeã foi "Give Me Love" que arrepiou e colocou todo mundo pra cantar em uníssono, seja lá quantas vezes isso pareceu ter acontecido na mesma noite. Para encerrar, não dá para negar como é bom ver um show no qual desde a primeira até a última nota foi acompanhado pelos gritos ensurdecedores da plateia que participa de todos os momentos, sem filtros. Com celulares que se acendem em quase todos os momentos, pessoas realmente ligadas ao artista, respondendo, cantando e fazendo com que a mágica de um show realmente aconteça.

E ainda assim, com todos esses fatores, Sheeran sabendo muito bem como guiar cada momento, mesmo com uma apresentação que não mostra grandes mudanças de atmosfera, mas que é uma massa sonora ideal para ser decodificada por toda audiência presente no espaço. Depois de tudo isso, quase uma hora e meia depois do início da apresentação, o músico anunciou que cantaria sua última música, o que não se cumpriu. Sheeran voltou ao palco para o bis com a camiseta do Brasil e encerrou sua apresentação em São Paulo, mostrando que para o show de um homem só ele está pronto para ir além da música de uma banda e dominar estádios como jogos de tabuleiro.

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