Em 2006 o pop vivia mais uma fase de efervescência. Era o ano pós Confessions on a Dance Floor, de Madonna, disco que revivia o clima das discotecas e a sonoridade oitenta/setenta que embalou toda essa cena musical. Com tudo isso rolando, Madonna de volta ao topo e uma cena nostálgica, buscando retomar algumas referências do passado, Justin Timberlake colocou no mercado seu segundo álbum pós N´Sync, com um clima eletrônico, mais hip hop e com uma sonoridade sexy, até então inexplorada pelo modelo de de adolescente Disney, que o mercado endossava. FutureSex/LoveSound chegou polêmico, com a capa mostrando Timberlake quebrando um globo de espelhos, o símbolo principal do álbum de Madonna, com os pés, mas provou ser realmente merecedor dessa ação.
Com a chegada do novo disco às lojas, Justin Timberlake conseguiu criar um novo setup para a música pop e isso é inquestionável. O ex-membro de boy band, estava com um visual menos pasteurizado e com um som tão cheio de referências, que passou a abarcar um público que não iria, na maior parte das vezes, prestar atenção em qualquer movimento que ele viesse a fazer.
Mas para chegar a esse ponto, ele contou com uma ajuda importante nos bastidores, já que Timbaland foi o grande responsável por criar a sonoridade encontrada no disco. O rapper e produtor já havia trabalhado com Missy Elliott, artista de sonoridade ímpar, que influenciou todo o percurso de Timbaland e fez com que ele fosse capaz de criar, junto com o outrora ídolo teen, algumas das músicas mais tocadas e representativas da década passada.
Essa nova sonoridade, mais trabalhada, veio ao encontro do que Timberlake já havia mostrado - em menor escala - em seu primeiro álbum solo, Justified.
Dez anos depois
FutureSex/LoveSound tem destaques que mesmo dez anos depois do lançamento ainda soam atuais, graças a uma sonoridade que não perdeu apelo e que evidencia como o trabalho realizado por Timberlake e Timbaland realmente valeu a pena.
E claro, não dá para falar desse álbum sem destacar algumas faixas importantes, como a música de abertura, "FutureSex/LoveSound", que coloca em evidência o clima mais sensual das letras e aposta em algo mais climático, segue para "SexyBack", a criação de apelo radiofônico, "My Love" e a sequêcia "LoveStoned/I Think She Knows" e "What Goes Around.../...Comes Around", faixa que em todas as suas instâncias puxou os próximos artistas pra cima.
Com duração de quase oito minutos, mudanças de tempo, refrão chiclete e tudo que você pode esperar de uma música para ser tocada no rádio, "What Goes Around.../...Comes Around" é uma das criações mais audaciosas de Timberlake, que ainda preparou um lançamento de clipe, possivelmente um dos últimos a causar burburinho em larga escala. Com lançamento na MTV e no Youtube o clipe foi escrito por Nick Cassavetes, dirigido por Samuel Bayer e com Scarlett Johansson.
Assim, FutureSex/LoveSounds é, sem dúvida, um daqueles álbuns completos, complexos, cheios de referências, e capaz de mostrar o porquê do pop ter tanta força e ser capaz de ultrapassar as barreiras que muitos estilos musicais não conseguem. Um disco que mistura o melhor de diversos estilos e entrega tudo sem pasteurizar o conteúdo, acreditando nas referências do público que segue em busca do material.
Ouça o álbum na íntegra
