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Helloween supera fiasco técnico e prova o poder do power metal

Show sofreu com duas falhas no P.A

30.10.2017, às 00H30.
Atualizada em 30.10.2017, ÀS 01H01

Faltava meia hora para começar o show do Helloween e o Espaço das Américas já estava lotado de bexigas laranjas. A antecipação para ver a reunião da banda, que já havia acontecido na elogiada noite anterior, contagiava o público, ansioso para ver a união de membros que nunca se encontraram antes.

Exatamente às 19h30, o Helloween subiu ao palco. Após o aviso da produção de que a noite seria registrada para um DVD, o som de “Let Me Entertain You” do Robbie Williams começou a tocar, anunciando que o metal alemão estava chegando. Um pano gigantesco que cobria a plataforma caiu, e revelou o encontro tão esperado de Michael Kiske, Kai Hansen, Michael Weikath, Markus Grosskopf, Andi Deris, Sascha Gerstner e Daniel Löble, e fãs que infestavam o lugar foram à loucura. A primeira e proprícia música, “Halloween” já botou o Espaço das Américas para cantar, mostrando que a noite seria especial. Afinal, são poucas bandas que podem abrir um show com uma música de 13 minutos.

Os fundadores do power metal estavam confiantes e felizes no palco. O surpreendente encontro de Andi Deris e Michael Kiske não poderia ter sido melhor. Os avisos de que Kiske sofria problemas de saúde, que afetaram o setlist e o primeiro show da turnê, em Monterey no México, foram rapidamente esquecidos. Kiske parecia confortável em soltar belos gritos e agudos, e os dois vocalistas alternavam os vocais fazendo duetos impecáveis.

O som enchia o Espaço das Américas no que foi um começo histórico: fãs gritavam com a oportunidade de ver todos os membros reunidos cantando clássicos como “Dr. Stein”, “I’m Alive” e “Are You Metal”, sucesso atrás de sucesso. E enquanto Deris estava mais do que confortável em engajar com a plateia, Kiske se restringia a cantar, mas era o suficiente. Toda vez que o vocalista dominava os vocais, os fãs se animavam. E, em “Rise and Fall”, Kiske ainda levou o microfone para o guitarrista Kai Hansen cantar também.

E então, veio o desastre. Depois da ótima “Perfect Gentleman”, a banda iniciou um medley com Hansen nos vocais de “Starlight”, faixa do EP de estreia dos alemães, e, pouco tempo depois do início, o som parou. Pior ainda, o som parou só para a plateia. Depois de mais de um minuto com os músicos tocando sem perceber a falha no P.A, o público tentava sinalizar algo errado e nada acontecia. Após um tempo constrangedor, o grupo percebeu e saiu do palco. O povo pedia a volta, e parecia que a falha poderia servir para aquecer ainda mais os fãs. Mas quando a banda voltou, começou a música novamente, e a falha aconteceu de novo, o show foi irremediavelmente prejudicado. Mais uma vez, no início de “Starlight”, o som caiu. A banda se retirou novamente do palco e o show sofreu.

Passados belos vinte minutos, o Helloween subiu ao palco novamente. O show retomou e tudo correu bem até o fim. Mas foi uma pena ver uma reunião tão esperada, e uma sinergia entre público e músicos tão boa, ser prejudicada fortemente pelo fiasco técnico. A plateia tentou não desanimar, e o conjunto se esforçou para reaquecer o ritmo do início do show, mas infelizmente o desastre pesou para o Helloween. A partir do segundo retorno, todo momento em que a instrumentação pausava, uma tensão surgia no Espaço das Américas. E demorou para que a banda conseguisse ganhar a confiança novamente.

Depois do fatídico medley, o Helloween conseguiu retomar o fôlego com os dois vocalistas vindo ao meio da passarela para conversar com o público. Kiske falou que infelizmente o P.A morreu, porque a banda toca “alto demais”, e Deris complementou dizendo que, pelo menos, seria algo que ficaria para a história. “Forever And One” se seguiu, com os cantores alternando os vocais entre eles, e entre o público, que também se esforçou para marcar presença.

Foi mais para o fim da apresentação que o ritmo retomou. Quando Kiske e Deris dividiram o vocal em “Why?”, faixa do álbum Master Of The Rings, os fãs reanimaram. E mais tarde, em “Power”, a banda estava em perfeita forma, e soube aproveitar bem a energia que o público soltava. Os três guitarristas exemplares do Helloween, Hansen, Weikath e Gerstner, foram à frente da passarela antes da música acabar e emendar “How Many Tears”, que fechou perfeitamente o setlist antes do bis: com Kiske sozinho, e então a junção dos dois. Mais dois bis, essenciais, viriam: o primeiro para mostrar “Eagle Fly Free” e “Keeper of The Seven Keys” no antecipado vocal de Kiske e o segundo para deixar todos os fãs saírem com saudade da banda, fechando o set com “Future World” e o hit “I Want Out”, com direito a muita bexiga laranja e confetes para todo o lado.

Apesar do desastre técnico, o Helloween fez um show exemplar. Senão fosse pelo fiasco, a noite ficaria para a história como um show absolutamente perfeito. As músicas foram muito bem escolhidas e a química entre todos os membros foi simplesmente primorosa. O baterista Daniel Löble dominava maravilhosamente o fundo de todas as músicas e brilhou num momento só seu, assim como o baixista fundador Markus Grosskopf. E os fãs do Helloween puderam ir para casa tranquilos tendo finalmente visto a banda em sua formação completa. Tudo isso é verdade. Mas, infelizmente, uma falha técnica de vinte minutos inegavelmente afetou a atmosfera que dominava o espaço desde o começo. De qualquer jeito, o Helloween se revirou para superar o problema técnico e contou muito com o apoio e a lealdade dos fãs, que se provaram muito fieis ao power metal alemão. Felizmente, pela performance do Helloween, uma noite que poderia ficar marcada pelo fiasco, será lembrada com carinho pelos fãs. 

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