Por que Anitta é a salvação da música pop brasileira

Não é de hoje que o nome de Anitta está diretamente ligado a shows cheios e músicas que vendem muito. No entanto, há algum tempo a cantora carioca, de apenas 24 anos, tem se mostrado ainda mais surpreendente graças a um planejamento de carreira focado em longo prazo e que a coloca como uma das principais expoentes do pop no Brasil.

Antes de tudo é importante destacar o porquê dela ser a salvação do segmento. O mercado musical brasileiro é conhecido por não produzir música pop em larga escala - no sentido dançante e radiofônico da palavra - já que o espaço quase sempre foi dominado pela música sertaneja e suas vertentes. Vale lembrar que nos anos 2000, com o início de uma internet mais democrática no Brasil, a produção nacional ousou seguir tendências internacionais e gerou sua própria cena pop embrionária com destaque para Kelly Key, em 2001, com “Baba”, Rouge, em 2002, com seu primeiro disco que emulava a sonoridade de sucessos internacionais - os álbuns de Britney Spears ...Baby One More Time (1999), e Oops!... I Did It Again, (2000) -, em conjunto com a lacuna deixada pelas Spice Girls; sucesso absoluto desde a metade dos anos 1990 até o começo dos anos 2000 -. Esse movimento seguiu ainda para alguns grupos de pagode e nomes como Br’OZ e Leandro Lopes que não conseguiram manter a cena viva abrindo caminho para a dominância do sertanejo universitário.

A partir desse momento, quase nenhuma outra sonoridade conseguiu ser notada fora de seu núcleo de criação, algo que inviabilizou a proposta de um artista pop, com elementos sonoros dançantes e apelo radiofônico, de chegar a um público maior.

Assim, desde que Anitta iniciou sua movimentação em direção a uma sonoridade com elementos do funk, mas desenvolvida em conjunto com um som pop globalizado, um novo mercado nacional nasceu. E isso não aconteceu sem uma boa dose de inteligência comercial, já que a cantora desenvolveu e seguiu apostas ousadas para implantar tendências no mercado e posteriormente ampliar ainda mais seu público. Um exemplo claro dessa movimentação é a inserção da sonoridade latina nas rádios brasileiras. Anitta explica, em entrevista a Pedro Bial, que a ideia foi reinserir a música latina no mercado brasileiro (com parcerias com J Balvin e Maluma) e só então trabalhar faixas em espanhol. O passo seguinte aconteceu com o lançamento de “Paradinha”, faixa que chega para sedimentar seu caminho na América Latina - veja entrevista.

Em conjunto com esse tino comercial e artístico, Anitta também apresenta o programa Música Boa Ao Vivo, no Multishow, no qual realiza parcerias com nomes de diversos segmentos musicais incorporando a sua ideia sonora ao sertanejo e outras vertentes. Claro, com seu nome em alta, as parcerias realizadas no programa funcionam como um “ganha-ganha”, algo que ela justifica como a não necessidade de competição, mas sim de ter sua música em diversos lugares ao mesmo tempo. Vale destacar que parcerias marcantes para a cantora, como a realizada com o cantor Maluma e agora um dueto com a ex-Spice Girl, Mel C, ganharam ainda mais visibilidade graças ao seu trabalho na TV.

Além desses momentos surgidos e produzidos em seu programa, Anitta também chama a atenção internacionalmente, graças a sua relevância no mercado nacional. Como exemplo surge sua parceria com Iggy Azalea, que nasceu por sugestão de uma amiga da cantora australiana, e também a faixa com Major Lazer e Pabllo Vittar, “Sua Cara”, que irá ganhar clipe em breve. Esses fatores fazem com que o possível dueto com Justin Bieber seja visto como algo ainda mais concreto para a carreira de Anitta.

Cena Pop e representatividade
Anitta, em conjunto com toda essa movimentação em busca do mercado internacional, também deu musculatura para a nova cena pop e viabilizou que nomes como Pabllo Vittar e Linn Da Quebrada pudessem surgir no cenário para tratar da representatividade nas artes de uma forma mais contundente e direta alcançando excelente qualidade na produção de cada uma de suas faixas.

Esses detalhes todos podem ser vistos por meio do aquecimento do mercado da música nacional (não só o pop) que aguarda com expectativa seus lançamentos e reverte esse buzz em shows lotados por todo o Brasil em conjunto com uma base de fãs fiel, que impulsiona seus projetos em todas as mídias. Por fim, Anitta -  com suas músicas e planejamento - vai muito além do básico quando se pensa no artista brasileiro, apostando em uma carreira global, sem deixar o Brasil para trás, e colocando em destaque a inteligência comercial, algo extremamente necessário para quem está em busca de ampliar horizontes.

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*Colaborou Rafael Gonzaga