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Rock in Rio | De Blitz a Rael e Emicida, palco paralelo celebra as misturas e rouba a cena

No segundo dia do festival, o Sunset se mostra consistente na variedade

Omelete
3 min de leitura
17.09.2017, às 12H54.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

A escalação do palco Sunset no segundo dia de Rock in Rio celebrou as misturas que são caras à música brasileira, que tem no sincretismo de estilos um dos seus traços mais populares. Se os headliners da noite às vezes decepcionam no palco Mundo, esse outro palco projetado para segurar a festa durante o dia, consistente na sua variedade, tem se mostrado um espaço privilegiado para quem chega mais cedo à Cidade do Rock.

A mistura que abriu o Sunset no sábado foi a da velha e da nova MPB, com uma homenagem ao pianista e arranjador João Donato, que aos 83 anos tocou acompanhado de quatro nomes da atual geração feminina: Mariana Aydar, Tiê, Emanuelle Araújo e Lucy Alves. Na falta de mais entrosamento (uma das cantoras ao final mandou um "José Donato" antes de se corrigir), a apresentação dedicada bastante ao samba serviu para dar o norte do Sunset, equilibrando uma formação plural no palco, com naipes de metal e percussão, a um apelo popular (no caso, Tiê se incumbiu de puxar o grupo, embora Lucy Alves, com seu acordeão, tenha chamado mais atenção).

O show seguinte foi um dos melhores do dia no Rock in Rio. A nostalgia e a familiaridade sempre é um componente importante no RiR, e quando a Blitz trouxe ao ensolarado sábado carioca sucessos como "A Dois Passos do Paraíso" e "Você não Soube me Amar", o grupo de Evandro Mesquita atendeu perfeitamente a esse critério. A mistura no Sunset, no caso da Blitz, teve uma vocação quase galhofeira: Alice Caymmi veio representar o establishment "de respeito" da MPB mas cantou teatral e comicamente "Betty Frígida", e até Mesquita pegou uma percussão para si quando o Afroreggae esteve no palco fazendo um pouco de tamborzão e um pouco de Carnaval.

As várias faces da black music no Brasil foram a mescla do show mais consistente do dia, com Rael mostrando afrobeat, rap, reggae e samba em viradas ágeis que não deixaram o público se dispersar. Mesmo quando fez as concessões típicas de um show de arena, tocando cover de "My Girl", por exemplo, Rael logo emendou em forma de medley uma composição própria. Quando a convidada Elza Soares subiu ao palco, o cantor já havia estabelecido a conexão com o público, e coube a ela, ao mesmo tempo, jogar para a torcida, chamando as pessoas a gritar, e interpretar os versos mais políticos da noite, em "A Carne (Negra)" e "Maria de Vila Matilde".

Quando as misturas pareciam esgotadas, o cantor americano Miguel fechou o Sunset com uma interessante combinação de eletrônico e rap, arranhando um português em um ou outro palavrão que bastaram para aproximar o simpático convidado do público. Convidado de Miguel na segunda metade da apresentação, Emicida mostrou a inédita "Oásis" que gravou em parceria com o americano, e mais uma vez provou que a receita para construir pontes no Rock in Rio é colocar um nome radiofônico brasileiro ao lado dos estrangeiros. Cerca de uma hora depois, Pabllo Vittar aplicaria uma nova surra de bunda aqui no Rio de Janeiro durante o show de Fergie - leia mais.

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