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Crítica

At the Drive-In - in•ter a•li•a | Crítica

Banda retorna 17 anos depois com essência preservada e experiência sonora ideal para novo trabalho

05.05.2017, às 15H47.
Atualizada em 06.05.2017, ÀS 00H00

Depois de quase 20 anos de espera (e um pequeno fenômeno chamado The Mars Volta nesse meio tempo), o At The Drive In ressurge com um disco novo carregado de euforia por parte de qualquer fã. Natural, é claro. A banda sempre foi um dos principais nomes de seu estilo e tanto tempo fora dos holofotes é a típica situação onde as expectativas explodem. E é justamente o caso aqui.

O grande “problema” (note as aspas) de intervalos tão longos é que muitas vezes tem-se a tendência de esquecer que 17 anos passam para todo mundo, inclusive para os membros da banda e o contexto no qual ela está inserida. Logo, esperar exatamente um disco como os anteriores é, no mínimo, um pouco injusto com a própria banda.

in•ter a•li•a tem um mérito incrível de conseguir, ainda que tanto tempo depois, manter sim a mesma sonoridade de Relationship Of Command(2000)e até Acrobatic Tenement(1998). Claro, com a marcha mais reduzida e um ataque um pouco menos agressivo, mas com muita competência e a mesma intenção de sempre.

Esse é o ponto forte do álbum: a essência. Não é nostalgia, é continuação de um trabalho que parou há 17 anos. Cedric Bixler-Zavaia trouxe anos de experiência adquirida com o Mars Volta e transforma os vocais do At The Drive In de forma positiva: ele sabe onde gastar e onde poupar, e ainda entrega força nos momentos estratégicos, valorizando ainda mais as composições. "Continuum" e "Governed By Contagious" estão entre as melhores da nova safra e ainda retém boa parte da fúria acumulada em Relationship, por exemplo.

"Hostage Stamps" é provavelmente a música que mais vai satisfazer a nostalgia de quem espera um disco mais parecido com os primeiros, e "Call Broken Arrow" tem as guitarras mais interessantes de todo o álbum, mostrando um Rodriguez Lopez mais do que inspirado.

É a velha história de bandas que voltam a lançar um trabalho depois de muitos anos. Muita gente vai torcer o nariz porque a energia não é mais a mesma - apesar de quase ser - mas o fato é: in-ter a-li-a é sim um grande trabalho que resgata a força e o espírito do At The Drive-In mesmo com todo o peso que um tempo enorme de 17 anos pode fazer.

Entregar um disco aceitável nessas circunstâncias já seria um desafio para qualquer banda. Neste caso, o disco não só é aceitável: é ótimo e consistente. Mérito mais do que merecido para uma banda tão sólida e tão importante para o hardcore.

Nota do Crítico
Ótimo

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