Música

Crítica

Castello Branco - Sintoma | Crítica

Com álbum delicado e de sonoridade própria, músico carioca entrega obra para ouvidos e alma

30.10.2017, às 14H47.
Atualizada em 30.10.2017, ÀS 16H01

Música é uma coisa muito louca, né? Existem criações que funcionam como conexão, uma ponte entre o que um criador pensa e o que você sente… E não só isso, algumas ainda são capazes de expandir sentimentos e é dentro de todas essas possibilidades que o novo disco de Castello Branco, Sintoma, se faz presente. Criação sincera, singela, de aparência e sonoridade despretensiosa que carrega em sua produção refinada toda uma carga de mensagens que podem ser sentidas em todos os âmbitos físicos e não físicos. A obra, tão singela e direta, consegue trazer logo na primeira audição uma carga de mensagens e emoções que conversam com o âmago do ouvinte e mudam o humor e as cores das coisas, principalmente no momento estranho que vivemos hoje.

Castello, um carioca que até os 16 anos viveu em um monastério ecumênico, elenca, de forma tranquila e suave - por meio de uma sonoridade que aproxima -  temas como o amor, encontros e tudo mais que pode ser capaz de gerar um pouquinho de felicidade na rotina cotidiana. O músico, que já conta com o disco Serviço - lançado em 2013 - entrega uma obra coesa e delicada, capaz de dialogar ao pé do ouvido de forma muito verdadeira graças a um caminho sonoro que evolui de forma simples e te leva para uma jornada tranquila por um universo de calmaria e tranquilidade. Sua voz, em diversos momentos, emula nuances que parecem refletir a criança interior (em momentos confessionais) ou ainda como se estivesse produzindo uma onda sonora que te conquista em um dia de mar calmo.

A aproximação é tão delicada - palavra que define o projeto - que pode tirar lágrimas em qualquer momento. Até porque poucos de nós estão acostumados a uma abordagem tão humana.  Fica o destaque para o mix entre ritmos um pouco mais animados como em “Coragem” ou ainda com as mais calmas e cheias de nuances como “Não me Confunda” ou “Cara a Cara”. No final das contas, são 11 faixas (produzidas por Castello e coproduzidas por Ico dos Anjos e Lôu Caldeira) que se encaixam de forma realmente cadenciada, que caminham para uma evolução dentro do álbum, graças a arranjos bem ajustados em conjunto com sons que te mantém focado em cada uma das faixas. Essa união de fatores faz com que, dessa vez, o clichê de chamar o disco de poesia sonora seja merecido, justamente por estimular a beleza das coisas que estão dentro de quem ouve.

Já é um dos melhores discos nacionais de 2017, graças a jornada pela qual ele te conduz. Um projeto que não te obriga, mas te leva por caminhos únicos, cheios de possibilidades e que garante uma nova forma de compreender a música em português, graças a ideias simples, que colocam o sentimento em primeiro plano, estimulando o ouvir - algo realmente importante para quem faz música  - e a reflexão inconsciente do que boas mensagens podem gerar na gente.

Música que cumpre com seu papel: Estimular a beleza, a calmaria e a vontade de encontrar as coisas boas da nossa vida.

Ouça na íntegra: 

Nota do Crítico
Ótimo

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